sexta-feira, 11 de junho de 2010

Extraterrestres são mestres, não destruidores

O suíço Erich von Däniken é o mais famoso advogado dos extraterrestres, com milhões de exemplares de livros vendidos, autor controverso e mentor do Mystery Park.


Erich von Däniken, 75, ainda não pensa em aposentar. Nesta quarta-feira (14/4), ele completa 75 anos. Em entrevista à repórter Sarah Pfäffli, do jornal Berner Zeitung, ele critica "os idiotas do clima" e fala sobre o "maior mistério do mundo": a mulher.


Senhor von Däniken, suponhamos que existam extraterrestres: eles gostariam de nós?
Erich von Däniken: Se alguém é tão altamente desenvolvido que pode voar de planeta para planeta, então ele não é mais primitivo, o que supõe uma ética e moral muito diferente. Eu vejo os extraterrestres como professores, não como destruidores.


Há mais de quarenta anos o senhor procura uma prova de vida extraterrestre. O senhor não cansa?
Não, minha vida me apraz. Eu nunca quero ter tempo livre. Fazer o que sentado em casa! Isso é horrível!


O senhor está completando 75 anos ...
Sim. Beleza. Eu gostaria de ser dez anos mais jovem. Todo mundo gostaria de ser mais novo. Mas não se pode retroceder no tempo.


Quando o senhor vai parar?
Nunca.


O senhor não quer se aposentar?
Não. Só se eu tiver um ataque cardíaco ou baixar no túmulo ou tiver um acidente. Caso contrário, eu continuo.


O que mudaria se surgisse uma a evidência de que existem extraterrestres?
Seria um choque dos deuses. As pessoas não poderiam suportar isso. Nós todos fomos ensinados na escola de que não existem extraterrestres. E então, de repente, eles estão aí, e tudo que os cientistas, os seres humanos mais inteligentes, nos ensinaram é questionado. Minha tarefa é mitigar esse choque dos deuses.


Quando o senhor terá alcançado seu objetivo?
Quando eu tiver levado o espírito do tempo ao ponto de a maioria dos cientistas dizer: sim, realmente vale a pena investigar o modelo desse von Däniken, devemos investigar isso mais profundamente nas universidades.


O senhor ainda está longe disso.
Talvez dez anos.


O senhor ainda tem esse tempo?
Não, daí não estarei mais aqui. (ri)


O que acontecerá com seu ideário após a sua morte?
Temos uma organização global, a Sociedade de Pesquisa de Arqueologia, Astronáutica e Seti (Search for extraterrestrial Intelligence), que só nos países de língua alemã tem 8 mil membros, desde acadêmicos até leigos. Se eu entregar o gongo, o trabalho continuará e passará à próxima geração.


E o que acontecerá com o senhor? O senhor acredita numa vida após a morte?
Sim. A palavra "fé" aqui é correta. Eu acredito nisso, mas não tenho a menor evidência. Isso não é científico. Nós seres humanos somos todos tão vaidosos que pensamos que mesmo depois da morte não acaba tudo. Esse é o nosso desejo, nosso anseio. Mas científico isso não é.


O senhor se considera um homem muito religioso. Como essa religiosidade combina com a sua fé em alienígenas?
Supunhamos por um minuto que eu tenha razão. Que extraterrestres tenham estado aqui e os seres humanos tenham pensado erroneamente que eram deuses. Daí a próxima pergunta tem de ser: de onde eles vieram? No final, está novamente a criação. Não se perde Deus quando se trata de extraterrestres. Pelo contrário: meu Deus tornou-se cada vez maior.


O senhor frequentou um internato jesuíta ...
Sim, e eu nunca fui seduzido por ninguém. (ri)


Esse tempo o marcou?
Muito. Lá eu aprendi a argumentar e a pensar logicamente. Todo o meu fascínio por extraterrestres começou lá. Ao traduzir textos bíblicos, fiquei perplexo. O que seria se eles significassem algo totalmente diferente? Se os deuses, na verdade, fossem extraterrestres? Estas questões me fascinaram.


O senhor chama isso de fascinação. Pode-se ver isso também como uma fuga da realidade.
De maneira alguma. Os outros, todos os que obedecem cegamente ao espírito da época dominante, não querem ver a realidade.


Mas há problemas reais no mundo diante dos quais o senhor fecha os olhos ao ir em busca de extraterrestres.
De forma alguma! A propósito, o mundo está cheio de idiotas completos que se ocupam de tais problemas supostamente reais. Eles nos contam absurdos, por exemplo, que o CO2 é responsável pelo aquecimento global. Quando ouço isso, tenho arrepios!


O senhor acha que isso é absurdo? Qual é então a sua explicação?
Eu me ocupo de milênios. Há milhares de anos houve um aquecimento do clima, quando derreteram geleiras que atingiam até o Jura (N.d.R.: cadeia montanhosa na fronteira na Suíça com a França). Naquele tempo, ainda não existia CO2! A mudança climática é um fato. Mas o CO2 não é sua causa.


Ao contrário do senhor, os pesquisadores do clima fornecem evidências claras.
Isso é um absurdo. Quando se acompanha um pouco essa discussão, vê-se que há uma enorme controvérsia entre os cientistas a esse respeito. Agora uma tendência simplesmente se impôs. Mas não queremos falar agora de questões do meio ambiente.


Se existem tantos indícios favoráveis à sua teoria, por que não há mais as pessoas que acreditam nela?
Isso é a preguiça do nosso pensamento, contra a qual eu luto. O espírito do tempo (N.d.R.: “Zeitgeist”, em alemão) é um fenômeno de massa. Todo mundo quer ser razoável, ninguém quer se tornar ridículo. Suponha que um conselheiro federal (N.d.R.: ministro suíço) conte aos seus colegas numa reunião que viu extraterrestres. Eles o proibiriam de falar sobre isso com alguém! Até mesmo se o Papa dissesse que viu um óvni, ele seria declarado louco. O espírito do tempo não permite isso. Minha tarefa é perfurar o espírito do tempo, até que a opinião mude gradualmente.


O senhor é um otimista.
Sim, eu não acredito no apocalipse nem em outras teorias do fim dos tempos. Nós sempre sobrevivemos.


O senhor sempre termina suas palestras com as palavras: "Não acreditem em mim." Com isso, o senhor simplifica as coisas e escapa de qualquer crítica.
Ouça. Nós temos dois tipos de ciências: as exatas, que sempre fornecem resultados repetíveis, e as ciências agregadoras, como a arqueologia. Nestas tem-se uma opinião com base em indícios, e esta opinião vale até ser refutada por novos indícios. Eu sou um representante de uma ciência agregadora, eu forneço provas de indícios.


E a partir disto o senhor constrói toda uma teoria.
Eu construo um edifício de indícios. Todos estes indícios conferem. Se algo está em um texto antigo, pode-se controlá-lo. Ou quando eu digo que neste ou naquele país há esta ruína, isto também pode ser provado. Só que a minha interpretação é diferente da de um pré-historiador ou de um teólogo.


"Fantasistas mantêm o mundo em suspense, e não os contadores de ervilhas", é o seu credo. O senhor se descreve como um fantasista. O senhor melhorou o mundo?
Eu não quero melhorar o mundo, apenas mudar, romper o espírito do tempo, abrir a "visão de túnel". As incitações para isso vêm sempre de fantasistas. Um livro de Jules Verne, por exemplo, incitou o primeiro técnico de foguetes, Hermann Oberth, aos cálculos graças aos quais Wernher von Braun finalmente realizou o voo para a lua.


O senhor critica a "visão de túnel". Por que o senhor vive examente aqui nos Alpes bernenses, onde o estreitamento é ainda maior?
Lá em cima é mais aberto. Moro em Beatenberg, no lugar mais bonito do mundo. Eu sempre quis viver nas montanhas. Eu amo esta paisagem. E a população me acolheu calorosamente. No começo as pessoas eram um pouco fechadas em relação a mim. Por isso, fiz uma palestra gratuita. A sala estava completamente cheia. Eu disse a mim mesmo: seja cauteloso, só não diga nada contra Deus. No final, todos aplaudiram, e eu disse que todos poderiam me tratar por “tu”. Na manhã seguinte, as crianças que passavam de bicicleta me chamavam: "Olá, Erich!"


O senhor vai comemorar o seu aniversário?
Não. Estarei numa turnê de palestras no Leste Europeu. Eu provavelmente vou passar meu aniversário no carro.


O senhor disse certa vez que o maior mistério do mundo ainda é a mulher.
Sim, isso nenhum homem entende. As mulheres são realmente seres diferentes.


Extraterrestres?
(Risos). Não, as mulheres simplesmente têm uma missão diferente, afinal, elas podem ter filhos. Elas também têm uma carga de hormônios diferente dos homens. Por isso, a sua lógica é diferente da do homem. Nenhuma é melhor do que a outra. Mas esta lógica diferente é razão pela qual nós homens nunca podemos compreender as mulheres.


Há algo em sua vida de que o senhor se arrepende?
Muitas vezes eu talvez devesse ter calado em vez de dizer algo em voz alta. Mas tais pensamentos de nada adiantam. Para fazer algo melhor, teríamos de ter o conhecimento do futuro, e isso não se tem.


E o que o senhor ainda quer vivenciar?
Eu sempre quis encontrar o papa. Mas isso provavelmente não vai mais acontecer. E eu gostaria de viajar num submarino americano. E de estar num desses gigantes porta-aviões. Isso são sonhos de menino. (acende um cigarro)


O senhor é um fumante por convicção.
Sim. Hoje se faz de conta que os fumantes têm a peste. Que a proibição do fumo tem a ver apenas com a saúde – mas então teríamos de proibir também o álcool!


Agrada-lhe o papel de provocador?
Na minha área, sim, porque aí eu sei mais do que qualquer outro. De resto, nem tanto.


Através da provocação se chama atenção. O senhor precisa disso?
Eu não procuro essa atenção. Simplesmente é assim. Eu perfuro o espírito do tempo! Pronto, é 16h15, agora ainda posso trabalhar algumas horas.


Sarah Pfäffli, Berner Zeitung (10/4/10)
(Tradução com autorização do jornal: Geraldo Hoffmann)

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