terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tráfico impede marcação de casas em Nova Friburgo

24.01 - Nova Friburgo/RJ:  As casas a serem demolidas foram numeradas pela Defesa Civil. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Intimidação é feita por traficantes que não querem ter suas
casas marcadas para demolição

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Agentes da Defesa Civil de Nova Friburgo se queixaram, na segunda-feira (24), que estão enfrentando resistência do tráfico de drogas na hora de marcar as casas da Comunidade Alto do Floresta, em Conselheiro Paulino, para demolição. No mesmo dia, duas moradias foram demolidas, mas agentes que preferiram não se identificar contaram que homens armados os pressionaram para que não marcassem as residências de pessoas ligadas ao tráfico, independentemente do risco. A Defesa Civil e a Coordenadoria de Trabalho Social da Casa Civil do Estado, porém, não confirmaram a intimidação.

Até ontem à noite, foram resgatados 820 mortos e 513 pessoas ainda estavam desaparecidas em consequência da tragédia, que afetou, além de Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto.

A Prefeitura de Friburgo vai disponibilizar a mudança dos moradores e os objetos em estado de uso serão levados a uma igreja da região.

Aluguel Social

Depois de perder casa e parentes e viver de forma improvisada em abrigos, moradores de Nova Friburgo afetados pelas chuvas que receberão o aluguel social começam a enfrentar outro problema: a falta de imóveis na região. O benefício está previsto para primeira a quinzena de fevereiro, mas, de sete imobiliárias na cidade, apenas três oferecem moradias - mesmo assim, com poucas opções de aluguel até R$ 500, valor do benefício.

Devido ao aumento da procura, algumas administradoras colocaram cartazes nas portas avisando que não há mais unidades para alugar. É o caso da Super Casa, em Conselheiro Paulino, e Folly Bohrer, no centro. Na primeira, cinco imóveis foram emprestados pelos donos para parentes desabrigados.

Segundo Gustavo Cabral, da Pereira Imóveis, também no centro, mais de 40 pessoas procuram a loja por dia. Mas o único imóvel vago fica em Vila América, área considerada de risco. "A procura está grande mas não temos como atender. Não podemos alugar imóvel em área de risco", explica. A imobiliária Krikor perdeu dez apartamentos com as chuvas. Os comerciantes Valtair Gonçalves, 52, e Amélia Andrade, 52, procuram apartamento. Perderam o restaurante, e a casa de dois andares foi interditada. Estão com os dois filhos na casa de amigos. Funcionária do casal, a cozinheira Adenilsa da Silva, 43, desempregada e com quatro filhos, ela teme não encontrar um imóvel. "Minha casa foi interditada", lamentou.

Cadastro de quem está em casa de amigos

Na imobiliária Correta, o aluguel de um apartamento de dois quartos em Conselheiro Paulino varia entre R$ 650 e R$ 900. Segundo a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, 2 mil famílias que estão em abrigos de Friburgo, Teresópolis e Petrópolis se cadastraram no Aluguel Social. Na segunda-feira, começou o cadastramento de quem está em casas de parentes e amigos.

Em Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, foram identificados 173.039 trabalhadores com saldo na conta do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O valor estimado possível para saque é de R$ 492 milhões. A população dos três municípios é de 633 mil habitantes.

Chuvas na região serrana

As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.


4 comentários:

Deixe um comentário educado! Siga a política do 'se não pode dizer algo construtivo e legal, não diga nada.'