quinta-feira, 7 de julho de 2011

Os Gigantes da Patagônia

Em Agosto de 1519, o navegador português Fernão de Magalhães, à serviço da coroa espanhola iniciou a primeira viagem ao redor do mundo, viagem esta, que possibilitou a descoberta de novas rotas de navegação e a descoberta do Estreito de Magalhães. Ele comandava cinco navios e 237 homens. Antônio Pigafetta, que sobreviveu a viagem foi o cronista desta aventura. A viagem se encerrou em 1522 com somente um navio e sem já contar com o capitão Fernão de Magalhães que fora tragicamente morto por nativos da Filipina.

Nesta sua viagem Fernão de Magalhães e sua tripulação atracaram por muitos dias no litoral argentino nas regiões hoje conhecidas como Patagônia e Terra do Fogo.

O Nome Patagônia têm origem na descoberta dos nativos desta terra, índios Tehuelches. Leia o relato de Pigafetta, vale a pena:

19 de Maio de 1520 - Porto de San Julián - Distanciando-nos destas ilhas para continuar nossa rota ao 49 graus e 30 min de latitude meridional, onde encontramos um porto. E como o inverno se aproximava, julgamos ser aconselhável passar ali aquela má estação.

Último cacique Huake da tribo aónikenk de Camusu Aike.

Um Gigante

Transcorreram dois meses sem que víssemos nenhum habitante do país. Um dia, quando menos esperávamos, um homem de figura gigantesca se apresentou ante nós. Estava sobre a areia, quase nu, e cantava e dançava ao mesmo tempo, jogando poeira sobre a cabeça. O Capitão enviou à terra um dos nossos marinheiros, com ordem de fazer os mesmos gestos em sinal de paz e amizade, o que foi muito bem compreendido pelo gigante, que se deixou conduzir a uma pequena ilha, onde o capitão havia descido. Eu me encontrava ali com muitos outros. Deu mostras de grande estranheza ao ver-nos e levantando o dedo queria dizer que acreditava que nós havíamos descido do céu.

Sua figura - Este homem era tão grande que nossas cabeças chegavam apenas até à cintura. De porte formoso, seu rosto era largo e pintado de vermelho, exceto os olhos, que eram rodeados por um círculo amarelo e dois traços em forma de coração nas bochechas. Seus cabelos , escassos, pareciam branqueados por algum pó.

Seu traje - Seu vestido, ou melhor dito, seu manto, era feito de peles muito bem costuradas, de um animal que abunda no país.

Animal estranho - Este animal tem a cabeça e orelhas de mula, corpo de camelo, patas de cervo e cauda de cavalo e relincha como este.

Seus costumes - Usam os cabelos cortados em auréola como os frades, porém mais longos e presos em volta da cabeça por uma corda de algodão, na qual colocam as flechas quando vão caçar. Se faz muito frio, prendem estreitamente contra o corpo suas partes naturais.

Sua religião - Parece que sua religião se limita à adoração do diabo. Julgam que quando um deles está morrendo, aparecem dez ou doze demônios cantando e dançando ao seu redor. O demônio que provoca maior alvoroço e que é o chefe maior dos diabos é Setebos. Os demônios pequenos são chamados Chelele.
(....)
Nosso capitão chamou a este povo de Patagões (devido ao tamanho de suas patas).

Índios Tehuelche, apelidados por Magalhães de Patagões

Acampamento Tehuelche (1838)

Trechos extraídos do diário da expedição de Fernão de Magalhães, conhecida como a primeira viagem de circunavegação ao redor do mundo, escrito por Antônio de Pigafetta.


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