sexta-feira, 13 de abril de 2012

Escravidão escancarada no PAC


Operários de Jirau se levantam contra escravidão do PAC

Assembleia dos operários de Jirau rechaça proposta patronal

No dia 8 de março os 1.500 operários da Enesa Engenharia, contratada pelo Consórcio Energia Sustentável do Brasil para montagem dos geradores de Jirau, iniciaram as mobilizações denunciando as péssimas condições de trabalho da obra. No dia12 de março estourou a nova revolta e as obras foram paradas.

Em uma vã tentativa de quebrar a unidade da classe operária e impedir que a revolta se generalizasse, a Camargo Corrêa dispensou milhares de trabalhadores, mas era tarde demais. Os operários dessa empreiteira, bem como todos os demais, aderiram à luta.

Os operários lutam contra as péssimas condições de trabalho, reivindicam 30% de reajuste salarial, o pagamento de 100% de todas as horas extras, entre outras demandas.

Em 15 de março, o desembargador Ilson Alves Pequeno Júnior, relator do Dissídio Coletivo de Greve no Tribunal Regional do Trabalho - TRT da 14ª Região, declarou a greve ilegal, e determinou o retorno dos funcionários ao trabalho, fixando uma multa de R$ 200 mil por dia para o sindicato da categoria caso a determinação não fosse atendida.

PELEGOS SÃO EXPULSOS DE ASSEMBLEIA

Antes mesmo da deflagração da greve, em 8 de março, o vice-presidente Sticcero, Altair Donizete, já havia atacado os operários em mobilização chamando-os de "pequena gama de manifestantes". Altair Donizete ainda afirmou que "se seguirmos esta tendência, não seremos bem recebidos pela justiça e pelos empresários". [fonte: rondonoticias.com.br em 8 de março de 2012]

No dia 16, em uma massiva assembleia, os operários definiram pela continuidade da greve. Há relatos partidos diretamente daquela assembleia de que os operários, revoltados com a postura pró-patronal e antigreve do Sticcero, tomaram o carro de som do sindicato e expulsaram os pelegos. Ainda nessa assembleia, mais de 50 policiais descaradamente disfarçados com os uniformes utilizados pelos operários do consórcio foram identificados em meio à massa de operários e foram postos para correr. Piquetes e mobilizações foram mantidos.

GERENCIAMENTO ROUSSEFF ORDENA REPRESSÃO

Numa matéria publicada no Valor Econômico em 23 de março, foi noticiado que o gerenciamento Rousseff tem acompanhado diariamente as negociações em Jirau e que o Ministério da Justiça colocou à disposição o contingente da Força Nacional de Segurança que está "de prontidão".

A Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia - Sesdec declarou que já havia efetivos da Força Nacional atuando em Rondônia antes da deflagração da greve, porém "em outras frentes" [fonte:rondoniagora.com em 17 de março de 2012].

AS RAZÕES DA REVOLTA OPERÁRIA

No dia 18 de março, uma equipe de representantes dos Ministérios Públicos Estadual, Federal e do Trabalho, estiveram em Jirau e ouviram os trabalhadores. Operários denunciaram ter sofrido "violência física" por parte de representantes da Camargo Corrêa e afirmaram que são obrigados a comprar produtos a preços exorbitantes nos armazéns do canteiro. Os trabalhadores também relataram o não cumprimento por parte da empreiteira do programa de Participação nos Lucros e Resultados, bem como das folgas que deveriam ser concedidas a cada quatro meses de trabalho. Em nota, o Ministério Público Federal reconheceu que "a insatisfação contribuiu para a crise que se instaurou na usina" [fonte: folha.uol.com.br em 18 de março de 2012].

No dia 16 de março, trabalhadores da empresa WPG Construções, terceirizada da usina de Jirau e responsável pelo desmatamento da área que será alagada pela construção da usina, protestaram em frente ao Tribunal Regional do Trabalho (14ª região) em Porto Velho. Os operários denunciaram que não recebem salários desde setembro do ano passado e não tiveram baixa em suas carteiras de trabalho. Eles estão instalados provisoriamente em um hotel de Porto Velho, recebendo apenas alimentação durante todo esse tempo. Apesar do não pagamento de salários e direitos trabalhistas aos operários e do desfalque de mais de R$ 5 milhões denunciado por comerciantes de Porto Velho, o dono da WPG, Júlio César Schmitt teria montado uma nova empresa em nome do seu cunhado e estaria executando os mesmos serviços na usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará,

A GREVE CONTINUA

No dia 27 de março ocorreu mais uma assembleia no canteiro de obras de Jirau. Milhares de operários rechaçaram a miserável proposta patronal de 5% de reajuste. Os pelegos Sticcero e Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira – Conticom/CUT manobraram de todas as formas para acabar com a greve. Incapazes de deter o ímpeto de luta e a revolta dos trabalhadores, patrões e oportunistas tramaram novo golpe e propuseram "voto secreto" para deliberar sobre a greve em uma próxima assembleia.

A greve em Jirau continua justamente porque a terrível situação dos operários, a péssima condição de trabalho, o arrocho e a falta de direitos não mudaram nada desde a primeira revolta no ano passado. 


"Compromisso" para inglês ver

Em 1º de março, em mais um convescote pelego-governista, foi firmado o denominado "compromisso nacional para aperfeiçoar as condições de trabalho na indústria da construção". O nome pomposo não diz muito, uma vez que além de não traz novidade alguma e tampouco se pode esperar, uma vez que seus progenitores são justamente aqueles que mais descumprem compromissos com os trabalhadores. 

Participam da chamada "mesa permanente" do tal compromisso: as centrais sindicais CUT; Força Sindical; CGTB; CTB; UGT; NCST; s confederações CNTI; CNTIC; CONTICOM; CONTRICOM; FENATRACOP; e as entidades patronais Sinicon; além da Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC.  Como se pode ver, uma salada de patrões e pelegos, somados à Secretaria-Geral do gerenciamento Rousseff e os seguintes ministérios: Trabalho e Emprego; Planejamento, Orçamento e Gestão; Previdência Social; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Casa Civil; Educação; Cidades; Minas e Energia; Esporte; Integração Nacional; Transportes; e a Secretaria de Direitos Humanos.

Tal "compromisso" versa sobre um conjunto de regras e padrões mínimos para estabelecer as condições de trabalho, salário, saúde e segurança nas obras, e prevê a negociação coletiva para definição do piso salarial, benefícios, jornada, transporte, alojamento e alimentação, ou seja, todos os direitos solapados das classes trabalhadoras. E a adesão das empreiteiras a ele é facultativa, vejam só!

Diante dos acontecimentos recentes em Jirau e outros canteiros de obras, ficou comprovado que tal "compromisso" não passa de letra morta, uma vez que, deflagrada uma greve notadamente devido às péssimas condições de trabalho e desrespeito aos direitos trabalhistas, a primeira medida tomada pelo gerenciamento de turno do velho Estado e empreiteiras foi enviar a Força Nacional para, mais uma vez, reprimir os operários em luta.



Lutas se alastram como rastilho de pólvora

Hidrelétrica Garibaldi - SC

Com informações do Movimento dos Atingidos por Barragens

Operários da Usina Santo Antônio se unem aos trabalhadores de Jirau
Na madrugada de 8 de março, centenas de trabalhadores da usina hidrelétrica de Garibaldi atearam fogo nos alojamentos do canteiro de obras em protesto contra as péssimas condições de trabalho e baixos salários. Na tarde de 12 de março, mais de 400 trabalhadores ocuparam o canteiro e mantiveram-se lá por dois dias.

A barragem é de propriedade da empresa Triunfo, sua construção deverá custar cerca de R$ 780 milhões e atinge os municípios de Abdon Batista (onde fica o canteiro de obras), Cerro Negro, Vargem, Campo Belo do Sul e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e expulsando aproximadamente mil famílias. As empresas donas da barragem terão o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos.

Em junho de 2011 os atingidos pela barragem ocuparam a obra para serem reassentados, direito que a empresa ainda continua negando. Naquela época os trabalhadores da usina apoiaram a mobilização. Eles diziam que as condições de trabalho eram precárias e que a empresa tem tradição em quebra de contrato e desrespeito às leis trabalhistas.

Comperj - RJ

Os operários do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj, em Itaboraí - RJ, considerado o maior projeto da história da Petrobras, sustentaram uma greve por quase um mês. Desde o dia 10 de fevereiro estourou nova onda de protestos nesse canteiro de obras que concentra mais de 13 mil operários.

Eles lutam por aumento salarial de 18%, vale alimentação de R$ 390, pagamento da hora thinner (tempo que o funcionário passa no ônibus da empresa para chegar ao local de serviço) nos turnos da manhã e da tarde remunerada em 75%, entre outras demandas.

Estima-se que cerca de 60% dos operários do Comperj não são oriundos de Itaboraí e muitos deles estiveram presentes na rebelião de 2011 em Jirau.

A greve deflagrada pelos trabalhadores de bas, que atropelaram por diversas vezes a direção do Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Montagem, Manutenção e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região – Sindicom. Na edição 87 de AND relatamos divergências entre os próprios trabalhadores, que com o desenrolar das mobilizações revelaram ser a resistência dos operários revoltados contra o peleguismo da direção do sindicato que tentava frear os protestos.

Mais uma vez a greve foi traída pela direção do sindicato. Mais uma vez não houve avanços para os trabalhadores e há grande insatisfação entre a massa de operários.

Usina Santo Antônio - RO

Após a deflagração da nova revolta em Jirau, em 16 de março, foi noticiado que a empreiteira Odebrecht decidiu paralisar as obras na usina Santo Antônio, que assim como Jirau, fica situada à margem do Rio Madeira, em Rondônia, a cerca de 8 km da capital Porto Velho. No entanto, informações partidas dos canteiros de obras de Santo Antônio afirmam que as obras estão de fato paralisadas, mas por iniciativa dos trabalhadores, que deflagraram greve somando-se à luta dos operários de Jirau.

A Secretaria de Segurança de Rondônia anunciou que as obras da usina de Santo Antônio deveriam ficar paradas até o dia 21 de março e reforço policial foi enviado para suas imediações. Milhares de operários trabalham no local e são submetidos às mesmas precárias condições de trabalho e ao mesmo arrocho que os trabalhadores de Jirau.

Em 21 de março a Justiça do Trabalho de Rondônia declarou a greve na usina Santo Antônio ilegal. O decreto da juíza Vânia Maria da Rocha Abensur, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, impõe a mesma multa arbitrada para Jirau ao Sticcero caso os trabalhadores não retornassem ao trabalho. A greve continuava até o fechamento dessa edição de AND.

Revolta em Belo Monte após morte de operário 
Com informações de Reporter Brasil

Operários que trabalham na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, declararam greve geral na manhã de 29 de março contra as péssimas condições de trabalho e por melhores salários. O clima de insatisfação já era generalizado no canteiro de obras da empreiteira Andrade Gutierrez e se agravou com a morte do operador de motosserra Francisco Orlando Rodrigo Lopes, atropelado por uma retroescavadeira na tarde do dia 28.

Cerca de cinco mil operários de Belo Monte aderiram à paralisação, somando-se aos cerca de 43 mil em greve em Jirau e Santo Antônio.

Esses fatos ocorreram menos de um mês após a assinatura do chamado "compromisso nacional para aperfeiçoar as condições de trabalho na indústria da construção" firmado entre patrões, o gerenciamento oportunista e as centrais governistas. Tal "compromisso" versa sobre um conjunto de regras e padrões mínimos para estabelecer as condições de trabalho, salário, saúde e segurança nas obras, e prevê a negociação coletiva para definição do piso salarial, benefícios, jornada, transporte, alojamento e alimentação, ou seja, todos os direitos solapados das classes trabalhadoras. E a adesão das empreiteiras a ele é facultativa, vejam só!



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