segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Educação e o Despertar da Consciência: Velhos Paradigmas e Um Novo Mundo

Estamos em dias propícios para refletir sobre educação, já que no dia 12 foi comemorado o dia das crianças e no dia 15 foi celebrado o dia do professor. Em qualquer outro artigo poderiam ser debatidas linhas pedagógicas, questionados os mais diversos índices de desenvolvimento infantil e percentuais de ‘aprovação’, mas aqui a proposta é outra e, por isso, faremos algo diferente.

Neste momento, refletiremos sobre como a educação influencia o nosso desenvolvimento espiritual. É importante lembrar que a educação não se restringe à escola, mas deve ser vista como algo que vivemos a cada momento na nossa interação com o mundo. Logo, a maneira como nos relacionamos nas três esferas (eu comigo mesmo, eu com o outro e eu com o mundo), é a essência do que acontece fora. A sociedade como a vemos hoje é um reflexo nu e cru de como somos internamente.

“A educação é, acima de tudo, o meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições de sua própria existência.” (Émile Durkheim)

Através dessa ótica, tornamo-nos logo empoderados, trazemos para as nossas mãos, a partir do nosso íntimo, a possibilidade de revolucionar de dentro para fora. Se cada célula da sociedade, que somos nós, mudar a sua perspectiva interna e de atuação, consequentemente criaremos um novo mundo para se viver.

Desde pequenos fomos criados achando que não sabíamos de nada, que os detentores do conhecimento estão sempre fora e geralmente em uma figura de autoridade, como os pais, os professores. Eles sabem o que é melhor pra gente e não o nosso Ser interno. Portanto, se não sou eu que escolho o que eu quero viver, quando as coisas não saem como deveriam, a culpa é dos outros. Sempre. Dos pais, do colega, da sociedade.

Entretanto, essa perspectiva nos rouba qualquer poder de atuação, restando a sensação de tristeza e impotencialidade, quando na verdade é o oposto. Temos AGORA a escolha de fazer diferente, de recordarmos intimamente da nossa Essência e agir e reagir de outra maneira. Cada um é responsável por si, criando a sua realidade constantemente, consciente ou inconscientemente.

“O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna.” (Henri Wallon)

Em nossa caminhada espiritual, conforme vamos nos auto-observando e nos desenvolvendo, recuperamos esse poder pessoal. Vamos preenchendo o nosso vazio existencial com uma sensação de conexão nas mesmas três esferas. Mas não foi sempre assim, o caminho é árduo para atingir novamente esse estado que, ao observarmos uma criança, vemos fluir tão naturalmente.

Aí você se pergunta: ta, mas o que isso tem a ver com educação? TUDO a ver! Ao nos darmos conta disso, vem a reflexão: se as crianças estão plenas e nós completamente desconectados, é porque algo no processo educativo e de crescimento está estragando a possibilidade de sentirmos a Divindade em nós.

Os alicerces antivida do sistema vigente

Oportuno pontuarmos como foi a construção histórica da educação na nossa civilização. Inicialmente, aprender era algo vivido, quase orgânico. Era comum ver Mestres com seus discípulos andando pela cidade, conversando debaixo de uma árvore, retirando o conhecimento das situações mais cotidianas. O próprio Jesus após encarnar o Cristo assim fazia através de suas parábolas, por exemplo.

Ao pensarmos nessa época, logo nos vem a mente os grandes filósofos, que se utilizavam da natureza e até de um banquete para proporcionar as mais profundas reflexões. Quando havia um espaço físico, esse era vivo, geralmente na casa compartilhada, ou no máximo algo que nos lembre hoje uma escola rural.

Num outro momento, já tomados por uma necessidade de domínio e controle, veio a doutrinação cultural jesuítica. Impregnados pela ótica invasão, as escolas fundadas especialmente nas Américas e África faziam uma verdadeira lavagem cerebral nos povos indígenas e aborígenes, removendo deles o que mais havia de precioso: a identidade. Essa postura de impor novas visões e valores foi extremamente agressiva e conseguiu se estabelecer.

As principais armas para esse genocídio interno foram as manipulações psicológica e emocional para que a criança se sentisse deslocada e completamente inadequada, esforçando-se então a cumprir um padrão que não era seu originalmente. Enfim, com essa tática completamente infiltrada na educação, chegamos então ao sistema industrial.

A partir da revolução, as corporações que ali nasciam precisavam urgentemente de mão de obra, de preferência barata, conseguida através da manutenção da ignorância. Para que os pais e mães pudessem ir trabalhar, as crianças precisavam ser colocadas em algum lugar e então nasceu o ensino público como o conhecemos hoje, financiado por essas empresas – e a serviço delas. As institucionalizações que ocorreram naquela época seguiam esse modelo industrial, herdando características militares. A base era preparar bons soldados, prezando a hierarquia e focando no racional. Desconectando as emoções, ao sair da escola para a selva de pedra, estaria mais “preparada” para lidar com o mundo frio e cruel – propagando mais frieza e crueldade, retroalimentando o próprio sistema que o criou.

Ao observarmos escolas, hospitais, presídios e fábricas, todas seguem esse formato. Todos uniformizados, sem individualidade, fazendo trabalhos mecânicos, sem espaço para qualquer questionamento, completamente condicionados pelo externo, sem poder sequer escolher o que ou quanto comer, por exemplo.

Esses espaços foram concebidos para contemplar mecanismos de controle e castigo. Sempre há um lugar garantido para que a autoridade auto-proclamada possa vigiar e punir. No caso das escolas, a sala da diretoria está posicionada num local que permita a visão global de todo estabelecimento, como a carceragem que observa seus detentos no pátio. A supervisão é feroz e qualquer prática transgressora é registrada como uma ocorrência, descrevendo comportamento de alunos e professores, sendo posteriormente arquivadas e avaliadas.

“O hábito de corrigir os outros vem da crença de que podemos controlá-los. No entanto, sempre que tentamos controlar alguém estamos destinados a fracassar. E qual é o segredo do sucesso? Ter a consciência da crença, perceber o pensamento que a acompanha e substituí-la com a inteligência da influência. Se controlamos os outros eles colocam uma barreira no relacionamento e nada flui. Se não controlamos, permanecemos mais abertos e passamos a ter mais influência.” (Brahma Kumaris)

Há também os monitores, controlando as relações nos corredores e monitorando com severidade para que nenhuma criança saia da cela, ops, sala. Já ali dentro, a autoridade é o professor, cujo local de privilégio é em cima do tablado. As carteiras milimetricamente enfileiradas, todos seguindo uma ordem de não-interação, uniformizados e padronizados como uma maneira de garantir a obediência dos alunos. As filas indianas para entrada e saída, a rigidez e altos muros retratam uma verdadeira prisão. Uma máquina estatal manipulada pelo corporativismo, realizando uma produção em massa, separando as crianças-produtos por série (lotes da 1ª série, 2ª série, etc). Qualquer semelhança com Another Brick In The Wall não é mera coincidência, como já vimos em outro artigo.

“A escola formal serve para alguma coisa? – Ela serve para escolarizar. Ela dá um determinado tipo de informação e de conhecimento que atende um determinado tipo de demanda, um determinado tipo de modelo mental de uma sociedade que aceita, convive e não questiona.” (Tião Rocha)

É fundamental que cada um de nós reflita sobre o que vivemos no óbvio sem perceber. A própria natureza nos ensina que diversidade é vida, a monocultura esgota o solo e tudo morre. Esse modelo em vigor serve a um sistema, para formar bons funcionários e cidadão que aceitem tudo de cima para baixo sem questionar. Isso é escravidão! Em nome de se manter a ordem, todo e qualquer impulso criativo individual é castrado. Essa aparente paz é nada mais do que o medo, um verdadeiro pavor de fugir das regras, e aí se criam os dogmas. O sistema incute o medo para vender uma segurança ilusória e forma indivíduos que acreditam piamente serem necessárias as barreiras que os limitam.

“A mente das pessoas é moldada desde a infância. Isto é o que os pais de família e os professores de escola preferem fazer. Eles gozam dando forma à mente das crianças e jovens. Mente metida em um molde é de fato mente condicionada, mente escrava.” (Samael Aun Weor)

Todavia, a boa notícia é que somos nós que sustentamos esse sistema. Toda vez que se segue com o que sempre existiu como se não houvesse escolha, matamos a possibilidade de existir uma outra realidade. Então é fundamental o ato de questionar e decidir o que se quer para a vida, essa reflexão existe como característica gnóstica em sua essência. E nós já vimos que esse consumismo desenfreado (de dinheiro, bens materiais, comida, sexo, álcool, etc) não vai preencher o nosso vazio existencial. Sua cura não está fora, mas dentro.

“A falsa identidade se estabelece quando consideramos a atividade mental como a verdadeira fonte da percepção.” (Patañjali)

Ainda nos dias de hoje a mente é supervalorizada, onde a criança que consegue guardar melhor a matéria repassada em sua memória, é tida como inteligente. Ao passo que o aluno que questiona geralmente incomoda e é tipo como perturbador. Afastamos a crianças de sentir a si mesma, a perceber o mundo através do seu íntimo, desmoralizando suas intuições.

“A mente intuitiva é um presente sagrado e a mente racional é um fiel servente. Temos criado uma sociedade que rende honras ao servente e esqueceu-se do presente.” (Albert Einstein)

Ao repreender as perguntas e evitar o debate, o que acontece nos bancos da escola é uma verdadeira lobotomia. Estamos formando robôs que seguem piamente as nossas instruções, afastando-se completamente da essência Divina em seus corações, a chama que nos mantém vivos. A falta de brilho nos olhos e entusiasmo em jovens e crianças nos fazem constatar que tal rotina está reduzindo eles a verdadeiros zumbis.

“O principal objetivo da Educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram.” (Jean Piaget)

Quando se pensa em escola, logo vem à nossa mente a imagem de um professor ditando e crianças repetindo, completamente desmotivadas e com uma cara de tédio mortal. Isso ocorre porque ainda se vê a criança como um papagaio, e que se ela responde à pergunta exatamente como está escrito no livro, então ela aprendeu e mede-se assim a sua inteligência. Ora, a inteligência real vem de um pensar reflexivo cheio de incertezas e de uma intuição que guia as escolhas. Ao evitarmos isso, roubamos da criança o seu exercício natural de autoconsciência! E nós sabemos como é sofrido recuperá-la.

“Se realmente queremos nos tornar criadores, no mais completo sentido da palavra, devemos nos fazer conscientes de toda essa série de imitações que nos mantém presos infelizmente. (…) quando nos tivermos feito conscientes delas, como conseqüência lógica nascerá em nós, de forma espontânea, o poder de criar. É necessário que os alunos e alunas das escolas, colégios e universidades se libertem de toda imitação, a fim de que se tornem criadores de verdade. (…) Quem imita não aprende. Quem imita converte-se em um autômato. (…) A mente que só sabe imitar é mecânica, é uma máquina que funciona, mas não é criadora, não é capaz de criar, não pensa realmente, apenas repete.” (Samael Aun Weor).

O maior desafio que enfrentamos é não nos colocarmos como detentores do conhecimento, sair dessa ideia de que a criança está vazia e que precisa ser preenchida por nós. O desenvolvimento da vida é natural e orgânico, você não precisa dizer para a flor como ela deve se desabrochar, nem ficar ditando estímulos para que a sua unha cresça. Nos processos da natureza, a interferência externa tem demonstrado ser prejudicial. Se abrimos o casulo da lagarta, ela não se tornará uma linda borboleta, mas um ser deformado, nem rastejante, nem voador. O mesmo ocorre com o desenvolvimento do Ser, pois, pasmem, nós fazemos parte da natureza!

“Educar não é encher um cântaro, mas sim, acender uma chama.” (William Yeats)

Há que se conciliar o ímpeto pelo sagrado com a autonomia e liberdade de cada indivíduo. Dentro de cada criança, com seus pequenos corpinhos, existe um Ser, que já passou por diversas existências e está aqui para se manifestar e seguir uma trilha que é unicamente sua.

Se as pessoas ao seu redor não respeitam a criança em suas opiniões e escolhas, como ela irá respeitar os demais? Se ela é obrigada a pensar e agir como outra pessoa, ela se esquece dela e quando for adulta, tentará reproduzir isso, impondo suas crenças e visão de mundo aos outros.

“Enquanto a mente do ser humano estiver enredada dentro de complexos de autoridade e tradição, o homem será escravo do passado e não poderá compreender o instante eterno da vida livre em seu movimento.” (Samael Aun Weor)

Toda doutrina existe para nos indicar um caminho e todas elas levam ao mesmo lugar, mas de diferentes formas. Eventualmente os mesmos ensinamentos que tanto nos auxiliaram indicando a trilha, um dia serão transcendidos. Os próprios Mestres nos ensinam isso, Se Jesus não tivesse buscado ir além do Judaísmo, não teria recebido o Cristo, ou se Buda ficasse preso no Hinduísmo, não teria se iluminado. Cada um deles fez algo revolucionário, guiados por essa energia interna de busca pela autorrealização e comunhão total com o Divino.

Se nos apegamos e prendemos ao que é conhecido, não sobra espaço para o novo. A autoridade externa pode ser opressiva, quando devemos seguir nosso guia interno. Há que se reverenciar a historia, as tradições, mas não nos deixamos limitar por ela. Um Novo Mundo é possível e só depende de nós. Olhamos para o passado e o reverenciamos, para então visualizar o presente e criar o futuro.


Educação e o Despertar da Consciência: Um Novo Mundo

No artigo anterior sobre os Velhos Paradigmas foi explicado como a educação direciona a sociedade através de seus indivíduos. Portanto, cabe a nós mudarmos internamente, através dos nossos valores e atitudes, parando de reproduzir esse modelo falho que visivelmente nos faz muito mal, dificultando o processo de autorrealização íntima.

Cada dia que passa, escutamos mais tragédias, pessoas que morrem e matam, sem qualquer ligação com a própria vida que pulsa dentro de si mesmas. No trabalho de despertar da consciência, conforme vamos nos tornando mais lúcidos, podemos escolher não mais contribuir com essa loucura que se instaurou como modelo de normalidade em nossa sociedade.

“A sociedade não quer indivíduos que estão alertas, perspicazes, revolucionários, porque tais indivíduos não se encaixam no padrão social estabelecido e podem quebrá-lo. É por isso que a sociedade procura manter sua mente em seu padrão, e porque a sua assim chama educação convida-o a imitar, a seguir, a se conformar.” (Jiddu Krishnamurti)

Cada um de nós que busca a Verdade, quem se dedica em suas práticas e vive a Gnosis interior, sabe quanto tempo precisou penar no breu para então buscar a Luz. Se vislumbramos uma possibilidade de que nossas crianças possam se desenvolver autoconscientes de si mesmas e conectadas com a energia cósmica universal, o coração, o Divino, o Cristo interno, então porque não mudar?

“De que serve a educação, se não nos tornamos criativos, conscientes e inteligentes de verdade? A verdadeira educação não consiste em saber ler e escrever. Qualquer mentecapto, qualquer tonto, pode aprender a ler e escrever. Precisamos ser inteligentes, e a inteligência só desperta em nós quando a consciência desperta.” (Samael Aun Weor)

Aí aquela vozinha diz assim na sua cabeça: “Mas e quem me garante que isso funciona? E se não der certo?” Bom, espiritualmente sabemos que não existem garantias, tudo é impermanente e a única certeza que temos na vida é a morte. Além de que a situação como está atualmente, é de fácil constatação que não está dando certo, tudo esta ruindo e as pessoas encontram-se na ignorância de si mesmas, imersas na miserabilidade de alma. Então o que temos a perder? Só o apego às ilusões egóicas.

A educação para a autorrelização do Ser

Se olhamos ao nosso redor com uma visão contemplativa, facilitamos a conexão interna, uma vez que o Divino está em absolutamente tudo que existe – inclusive no céu cinza, no vizinho rabugento e em cada um de nós com todos os nossos defeitos. Somos filhos de Deus em desenvolvimento, crescendo para um dia nos tornarmos Um.

No Evangelho de Tomé há uma passagem:

“Jesus diz: “Se aqueles que os guiam lhes dizem: ‘Vejam, o Reino está no céu’, então os pássaros do céu os precederão. Se lhes dizem: ‘Está no mar’, então os peixes os precederão. Antes, o Reino está dentro de vocês, e está fora de vocês. Quando vocês chegarem a conhecer-se, então se tornarão conhecidos, e compreenderão que são vocês os filhos do Pai Vivo”.

Na criança é evidente a Luz, que brilha com tanta intensidade pois acabou de descer da Grande Consciência Divina e ainda está impregnada dela . Quanto menorzinha a criança, mais puro é o espírito nessa existência, mais pleno e cheio de vida está. Nosso trabalho de educação, na realidade, está conosco e não com os pequenos. Só após nos libertarmos de nossas programações e vícios é que conseguiremos proporcionar uma terra fértil para que as crianças desenvolvam o seu potencial, inclusive e principalmente espiritual.

“O essencial, com efeito, na educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar.” (Ernest Renan)

É urgente que cada um de nós resgate o seu próprio poder de decisão. Em cada escolha e atitude nossa é fundamental que haja aqueles preciosos instantes para a verificação interna, se aquilo de fato faz sentido. Estando em recordação íntima de si mesmo, tornamo-nos mais conscientes em cada momento.

Dessa forma, sentimos novamente aquele frescor de estar redescobrindo o mundo, abrindo mão de conceitos e definições, experimentando a si mesmo e ao mundo como uma criança – não no sentido de inconsequente, mas de contemplação empírica. A criança não se apega aos acontecimentos, nem às suas próprias criações, mas nós já temos aquele viés dramático, onde tudo é difícil. Elas estão livres, leves e soltas.

“As crianças não têm ideias religiosas, mas têm experiências místicas. Experiência mística não é ver seres de outro mundo. É ver este mundo iluminado pela beleza.” (Rubem Alves)

Percebemos o mundo sempre através dos nossos óculos internos, então só depende de nós escolhermos tirar o véu de Maya para então ver e agir a partir da consciência desperta – e as crianças são as primeiras a nos apontar quando não estamos sendo coerentes. O exemplo ensina mais que mil teorias, de nada adianta se falar sobre amor mas não ser capaz de olhar fundo nos olhos de uma criança e reconhecer o princípio Divino que ali pulsa. Daí a importância de reconhecermos Deus antes dentro de nós.

Tudo é muito simples, nós que criamos os mais diversos obstáculos para o nosso desenvolvimento, pelo profundo medo de ser feliz e pela sensação de não-merecimento. Mas não há segredos, se nos tornamos inteiramente responsável por todos os aspectos da nossa vida e buscamos a retidão amorosa, o Universo conspira ao nosso favor. Cada vez alinhamos a nossa vontade com a Vontade Divina, as coisas fluem maravilhosamente bem!

Ao sentir fluir essa vida, mais conscientemente trabalhamos com a nossa energia criativa. Somos seres cocriadores por essência, aplicando essa energia geradora de vida em uma obra de arte ou até em um bebê, criando outro Ser à nossa imagem e semelhança. Isso é exercitado por todos nós desde criança, pois é uma energia Cósmica Universal que está fluindo em nós.

Criando, ela vê a si mesma através de sua expressão na matéria, sai da ignorância dela mesma. Brincar é o portal da criança para o conhecimento de si mesma e do mundo, é a maneira que ela tem de conhecer os seus próprios limites e do outro. Ao sermos severos e roubamos delas a oportunidade de errar e aprender com o erro, então não há ação, nem evolução, pois o medo paralisa e tudo fica estagnado. Toda essa reflexão também vale para nós, adultos, pois se não alterarmos a nossa interação com os pequenos, esses paradigmas continuam existindo.

A perfeição é possível, mas é atingida de forma gradual e com muita prática. Esse terrorismo só faz crescer a ansiedade e faz manchar uma linda obra por um pequeno detalhe. O processo de viver no mundo material é sim para limparmos as energias má qualificadas anteriormente, que chamamos de carma e egos. Porem também estamos aqui para reconhecermos a nós mesmos através da nossa criação neste plano, relembrando o que já se sabemos, mas que havíamos esquecido.

“Não se deve dizer a si próprio: você deve derramar isto ou aquilo na alma da criança. Mas deve-se ter veneração frente ao seu espírito. Você não consegue desenvolver esse espírito; ele desenvolve-se por si próprio. Compete a você afastar os obstáculos para o seu desenvolvimento, e trazer-lhe aquilo que lhe permite desenvolver-se. Você consegue afastar os obstáculos físicos e também um pouco os anímicos. Aquilo que o espírito deve aprender, ele o aprende devido ao fato de você lhe afastar esses obstáculos. Pela vida o espírito também já se desenvolve na juventude mais tenra. Mas sua vida é aquilo que o educador desenvolve em seu ambiente.” (Rudolf Steiner)

Quando se aprende com dor, lembramos mais do trauma do que do conteúdo, a sensação se sobrepõe ao aprendizado, ao passo que aquilo que se aprende com prazer nunca se esquece. Daí a importância de deixar o Ser manifestar-se através do sentir. A criança sabe o que ela quer, mas nós desconsideramos isso, achando que sabemos mais dela do que ela mesma e logo sabemos o que é melhor pra ela. Isto é um grande equívoco! Precisamos urgentemente escutar de fato o que dizem os nossos pequeninos.

A educação é algo frágil e nós invadimos as crianças o tempo todo, as quais crescem e se tornam indivíduos dominadores, voluntariosos e egoístas, pois não conhecem os seus próprios limites. Se os pequenos não puderam experimentar, pois apenas seguiram ordens, como vão saber quem são? Nos encontramos assim, como crianças crescidas e completamente perdidas, às margens de nós mesmos. Não conhecemos nossos talentos e nem lembramos mais o que viemos fazer aqui.

Nós sentimos essa desconexão, por isso perseguimos ela em nossa busca interior. É um processo de redescoberta da vocação, de alinharmos as nossas escolhas com a nossa Missão. Uma vez vivendo de acordo com o nosso Plano, em entrega e confiança no nosso Ser Interior, ficamos mais centrados, com mais poder pessoal e tomamos a vida nas próprias mãos. Abandonamos os vícios de energia de culpa, vitimização e julgamento, substituindo isso por um pleno viver, como uma criança construindo um castelo de areia – que ela sabe que desaparecerá e não sofre com isso, continuando a construção com toda alegria, entusiasmo e dedicação possíveis.

”A inspiração que você procura já está dentro de você. Fique em silêncio e escute.” (Rumi)

Qualquer um de nós que já experimentou a escuridão sabe que em algum momento nos sentimos insignificantes e sem um motivo relevante para estarmos aqui. Embora amemos muito os nossos familiares, companheiros e amigos, eles por si só não nos seguram aqui. É necessário relembrar qual é o nosso PROPÓSITO. É esse sonho, esse Plano que faz cada um de nós levantar de manhã com o peito cheio de vida e um sorriso no rosto, e ao cumprirmos nossa Vontade Maior, experimentamos aquela sensação de missão cumprida.

A criança sente isso nitidamente, ela é naturalmente impulsionada por esse sentir interno. Nessa rede invisível, inteligente e magnífica que é a vida, chegam até nós naturalmente aquilo que precisamos desenvolver. Com a criança não é diferente, se um menino veio para ser bombeiro, sentirá atração por atividades relacionadas a isso.

“Sufoca-se o espírito da criança com conhecimentos inúteis.” (Voltaire)

Se uma moça se realiza sendo bailarina, é uma agressão deixá-la cinco horas sentada ouvindo sobre física ou química. O tédio e a irritabilidade tomam conta da criança, pois está gastando sua energia, seu tempo, sua vida com algo que não faz sentido nenhum para ela! Mas para nós faz… ou fazia, pois agora entendemos que de nada adianta seguir desconectando as crianças do seu sentir interno para nos agradar. Ou pior: para cumprir algo que nos foi dito como necessário e tomamos como verdade, sem nunca paramos para avaliar se realmente é relevante.

Despertando a consciência, mais próximos da Fonte nós chegamos. Porém, a existência serve para que possamos realizar coisas aqui na matéria, e isso nada mais é do que a própria autorrealização do Ser. Cada um deve transformar-se em seu próprio Mestre e deixar os outros serem o que são ou o que tem a capacidade de ser. Nossa própria autorrealizacão é o maior Serviço que podemos fazer ao mundo.

“Trágica é a existência daquele que morre sem haver conhecido o motivo de sua vida!” (Samael Aun Weor)

Cada respiração é única, cada instante é precioso. Todos os dias o sol nasce, nos brindando com um novo dia, recheado com infinitas possibilidades de fazermos o que viemos para fazer, cada um deixando fluir os seus talentos e presenteando o mundo com o melhor de si. Para onde quer que dirijamos a atenção, gastamos energia criadora. Sempre que estamos autoconsciente, agindo desde o sentir mais profundo de nossa Essência, a vida flui através de nós e o Ser brilha.

“Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados. Nosso medo mais profundo é que somos poderosos além de qualquer medida. É a nossa luz, não as nossas trevas, o que mais nos apavora. Nós nos perguntamos: Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso, fabuloso? Na realidade, quem é você para não ser? Você é filho do Universo. Se fazer pequeno não ajuda o mundo. Não há iluminação em se encolher, para que os outros não se sintam inseguros quando estão perto de você. Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente, libera os outros”. (Marianne Williamson)

É fundamental buscarmos cara vez mais uma Educação Livre e Crianças Felizes, pois que a felicidade e a plenitude são os termômetros para sentir se estamos sendo coerentes e trilhando cada um o seu caminho. Um Novo Mundo é possível, ele já existe dentro de nós. Precisamos apenas nos livrar das amarras e manifestá-lo.

Fonte: sgi.org.br


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