domingo, 5 de junho de 2011

Sérgio Cabral Exonera Comandante do Corpo de Bombeiros do Rio

O coronel Pedro Marcos Machado foi exonerado do Comando Geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito em entrevista coletiva concedida pelo governador Sérgio Cabral no início da tarde. Em seu lugar, assume o coronel Sérgio Simões, hoje secretário da Defesa Civil.

A substituição foi anunciada após o Quartel Geral do Corpo de Bombeiros ser ocupado por um grupo de manifestantes na noite de sexta-feira. Foram presas 439 pessoas envolvidas na manifestação.

O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar invadiu o local ontem, por volta das 6 horas, para reprimir o protesto. Com o uso de explosivos, os homens do Bope botaram abaixo o portão dos fundos do quartel e entraram detonando bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral. Houve muito tumulto e rajadas de tiros.

Os bombeiros tomaram o quartel geral da corporação para reivindicar aumentos salariais e melhorias nas condições de trabalho. O grupo decidiu entrar em greve de fome depois que foi levado para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica. De acordo com o governador Sérgio Cabral (PMDB), todos vão responder a processos criminais e administrativos. É possível que sejam demitidos da corporação.

"Foi uma atitude irresponsável, intolerável e abominável", disse Cabral, que chamou os 439 presos de vândalos e anunciou a demissão do comandante-geral da corporação, coronel-bombeiro Pedro Marco Cruz Machado. Em seu lugar, será nomeado o coronel-bombeiro Sérgio Simões.

Mulheres e crianças que acompanhavam a manifestação ficaram feridas depois da invasão do Bope. Pelo menos cinco meninos foram levados para o Hospital Souza Aguiar, vizinho ao quartel ocupado, atordoados com as bombas. Eles foram atendidos e liberados. Uma mulher identificada Cléa Borges Menegueli, 27 anos, casada com um salva-vidas de Rio das Ostras, estava grávida e sofreu um aborto durante o confronto. Ela foi levada para o Hospital dos Bombeiros.

Apesar de haver bombeiros armados no local, os manifestantes não resistiram à ação da PM. Além do Bope, também participaram da operação o Batalhão de Choque, o Regimento de Cavalaria e a Companhia de Cães. Deputados estaduais e integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ) afirmaram que a ação da PM foi truculenta e exagerada.

"Foi terrível o que aconteceu lá dentro. O Bope invadiu por trás, jogando bombas de gás e disparando balas de verdade. Tem carros dos bombeiros lá dentro arrebentados a bala", disse a deputada Janira Rocha (PSOL), que permaneceu ao lado dos manifestantes durante a madrugada. "Se os bombeiros não estivessem em movimento pacífico e ordeiro poderia ter ocorrido uma tragédia", afirmou a parlamentar, exibindo cápsulas deflagradas de fuzil e pedaços de bomba de efeito moral.

Inicialmente, os bombeiros presos foram levados para a sede do Batalhão de Choque da PM. Um grupo de manifestantes que não foi detido reuniu-se do lado de fora do quartel e voltou a protestar Houve tensão e a cavalaria da PM tentou isolar a nova manifestação. O grupo, que reunia cerca de 100 pessoas, gritava palavra de ordens contra o governador, o então comandante-geral da corporação e a Polícia. Eles também cantaram o Hino Nacional e o dos bombeiros.

Cabral permaneceu a manhã reunido no Palácio Guanabara com o seu vice, Luiz Fernando Pezão, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e outros integrantes da cúpula do governo.



Opinião da Filosofia Imortal:
O sr. Sérgio Cabral chama de vândalos pessoas que arriscam a própria vida, para salvar a vida de outros, ganhando o miserável salário de R$ 950,00 por mês. Se estas pessoas são vândalos, o que dizer de um governador omisso, repressor e irresponsável, que deixa a mingua estes que são nossos verdadeiros heróis brasileiros? Não, porque, para ser bombeiro é preciso muito mais do que treinamento, é preciso ter um coração como poucos tem; o valor da vida tem que falar mais alto na índole destas pessoas, alimentando constantemente um sentimento de compaixão pelo próximo, o que certamente o sr. Sérgio Cabral demonstra mais uma vez não possuir. Tratar heróis como nossos bombeiros - considerados os mais bem treinados do Brasil! - como criminosos, simplesmente porque, depois de sofrerem o descaso por anos a fio, resolvem fazer uma manifestação de dimensão suficiente, que desperte a atenção de todo o país - quiçá do mundo! - para a situação penosa destas em que estão, já que o governo do estado nada faz, é o exemplo claro de autoritarismo e falta de noção de responsabilidade real que um político deve possuir. O sr. governador deveria, ao invés de ficar mostrando sua impáfia, seu autoritarismo e sua prepotência, tratar o caso com mais tato e respeito, indo pessoalmente falar com nossos heróis, que pelo menos isso eles merecem. Fazer política não é só aparecer na TV, fazer promessas, apresentar projetos e fazer lobby com a high society e empresários, comparecendo a coquetéis e fazendo carinha de bom moço; é principalmente exercer a responsabilidade de realizar o que precisa ser realizado para uma melhoria de vida do povo, com o dinheiro público que tem à sua disposição.
São pessoas como a deste governador, que gostaríamos de ver longe do poder público, pois em nada ajudam a melhorar de fato nosso estado. São pessoas assim, ultrapassadas e de egos doentes, que precisamos afastar de cargos públicos, pois onde deve haver espaço para determinação, honestidade, ética e compromisso com o povo, não pode haver espaço para egos inflados e pessoas doentias por poder como este sr. Sérgio Cabral.

Um comentário:

  1. Por que o ato dos bombeiros cria um precedente perigoso

    Os bombeiros assim como qualquer categoria têm o direito de pedir melhoria salarial, ocorre que por servirem junto com a PM, sob regime militar, lhes é vetado o direto à greve. Nos últimos dias o que tenho visto no Rio é um circo. Uma categoria que vem sendo “doutrinada” por políticos faz meses, chega ao ponto de rasgar sua lei militar, invadir um quartel, ocupar e inutilizar viaturas.
    Ora, isso é inadmissível em um estado de direito. Imaginemos se médicos decidem fazer greve, invadir hospitais, furar pneu das ambulâncias e trancar as portas; E se um dia policiais em greve ocuparem os presídios e ameaçarem soltar os presos? Não obstante, teríamos ainda a possibilidade de Soldados do exército em greve, colocarem tanques para obstruir vias. Pergunto: Onde a sociedade vai parar? É esse o precedente que a sociedade deseja abrir com os bombeiros?
    Para que não corramos esse risco há uma legislação militar que rege as FFA, Bombeiros e a PM. Independente de qualquer pleito salarial, ela tem de ser respeitada. No momento em que a sociedade permitir que essa lei seja ignorada, estará pondo em risco sua própria ordem.

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