Por Sérgio de Souza
O sistema da saúde britânico começou recentemente um experimento para compreender as aplicações da visão remota, ou seja, o poder mediúnico que permite que a pessoa “veja” eventos do passado, presente e futuro sem de fato ver o que acontece. Andrew Usher, do Instituto Britânico de Homeopatia, está trabalhando para determinar se a visão remota pode ajudar a salvar vidas. O projeto desenvolvido por Usher e um colega escocês utiliza vários médiuns que afirmam ter a visão remota para detectar doenças que não foram encontradas pelos métodos convencionais.
O projeto está sendo realizado há um ano, e Usher afirma que ainda é muito cedo para ter resultados concretos. “Trabalhamos em 30 casos, mas precisamos de pelo menos 100 antes de poder relações estatísticas”, diz o pesquisador. “A visão remota nunca é 100% exata, então só poderá ser vista como uma forma de obter dados adicionais”, completa.
Mais de seis médiuns trabalham em cada caso, e não recebem nenhuma informação sobre o paciente – que deve concordar com a participação no experimento. “Um dos casos mais impressionantes foi o de um paciente que sofria com enxaquecas fortíssimas”, afirma Usher.
Depois de fazer uma tomografia que não mostrou nada, os médiuns ainda viam uma área escurecida na cabeça do paciente, e “enxergavam” também uma forma circular. Os médicos então fizeram uma ressonância magnética, que mostrou um tumor cerebral benigno no paciente.
Usher afirma que os médiuns com a visão remota tiveram um sucesso surpreendente encontrando grandes doenças, como tumores, mas diz ser muito cético quanto às limitações do procedimento, ao se envolver pessoas que não são médicas. “É difícil para os médiuns acharem estruturas celulares e mudanças corporais”, afirma. Realizar o treinamento com médicos também é problemático, entretanto: “Eles tendem a duvidar do diagnóstico”, diz.
Outros testes mediúnicos
Há três meses, um experimento foi feito utilizando o Twitter como plataforma. Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, recrutou 7 mil voluntários para investigar o poder da visão remota. O professor de psicologia viajou para um local secreto no Reino Unido, de onde ele mandou uma mensagem pelo site.
Os participantes do experimento olharam para cinco fotografias e tinham que escolher uma delas como o local onde Wiseman estava. Apenas 15% das pessoas acertaram o lugar, apesar das chances de acertarem serem de 20%. Depois do experimento, Wiseman afirmou que a visão remota não existia.
Apesar disso, até mesmo governos não descartam a possibilidade da visão remota. Durante a Guerra Fria, o governo dos Estados Unidos gastou 20 milhões de dólares em um projeto de visão remota, conduzindo espiões médiuns na União Soviética durante duas décadas. Em 2001, o Ministério de Defesa estadunidense investigou o potencial da visão remota, mas não divulgou os resultados.
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