quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ficha limpa precisa de lei?

Por Valdeci Rodrigues

Impressionante! Mas a cristalização de certas realidades vai turvando até o mais simples e linear dos raciocínios.

Pela mera lógica que guia a vida da maioria das pessoas, um cidadão com ficha corrida não se candidataria a cargo eletivo nenhum.

Mas presenciamos o contrário: indivíduos enroladíssimos que buscam o guarda-chuva da imunidade parlamentar para protelar o julgamento dos crimes que cometeram. Com o objetivo de saírem impunes, claro.

Sem contar o escancarado espírito de corpo que domina o Poder Legislativo, estendendo a imunidade, que deveria estar vinculada somente ao exercício parlamentar, para os crimes comuns.

Sinceramente, quando é necessária a mobilização de 1,5 milhão de pessoas, para que o Congresso Nacional aprove a Lei da Ficha Limpa, era de se esperar uma reação diferente dos políticos.

Nem vergonha os ditos-cujos sentem. Esperneiam para achar brechas na legislação - como é de costume - para fazer morta a letra da lei.

Depois, é necessária uma votação no Supremo Tribunal Federal (STF) para que os senhores transgressores das leis conformem-se de que devem, pelo menos, ter candidaturas barradas.

Como um legislador pode legislar se está respondendo na Justiça exatamente como transgressor das leis?

Questionamentos simples caem por terra diante da volúpia desses cidadãos que querem a todo custo estar com as mãos perto, bem perto dos cofres públicos.

Portanto, algo que deveria ser simples e elementar no caso de candidatos, gera um bafafá desse tamanho.

Em síntese, o desejo de roubar e continuar roubando o dinheiro do contribuinte suplanta qualquer indício das normais reações do ser humano, como a da vergonha e a do arrependimento.

Sempre - no caso dos ladrões de colarinho branco - há argumentos para sustentar a criminalidade oficial - essa que mata pela falta de hospitais, de segurança, de estradas, de cumprimento do dever etc. 

Aquele dever que cínica e criminosamente aparece em todos os discursos, escritos ou improvisados, daqueles que se arvoram em conduzir os destinos da nação precisa de uma lei para que seja cumprido.

Não é à toa que os homens com pendor para a retidão e a honestidade não se sentem atraídos pela política. Uma pena!!!



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