James Richards é um homem oculto. Ou seja, ele é aparentemente impossível de ser rastreado. Seu site não oferece nenhuma pista de sua identidade real (Richards é um apelido) e seu endereço de e-mail só se remonta à sede de uma subsidiária da Yahoo.com. Então, por que o sigilo? O que ele fez para merecer tal vida cheia de subterfúgios e evasão? Parece uma descrição precisa de um criminoso, e, de fato, segundo seu próprio relato, ele envolveu-se em um roubo transdimensional.
Sua história começa em uma área isolada de um deserto da Califórnia chamada Del Puerto Canyon. As imagens em seu website mostram uma paisagem árida, cheia de montanhas escarpadas, um fim de mundo extremamente inóspito, que só existe no oeste dos Estados Unidos. Foi aqui, onde Richards, enquanto perseguia seu cão fora de controle, tropeçou e bateu a cabeça, ficando inconsciente e se lançando na experiência mais incrível de sua vida.
Quando recuperou a consciência, ele se encontrava em um quarto estranho, contendo muitos móveis domésticos comuns, bem como uma máquina eletrônica estranha que parecia de outro mundo. Do lado de fora se escutava um zumbido de tráfego, um som pouco familiar às extensões sem vida de Del Puerto. Richards logo descobriu que o quarto pertencia a um homem chamado Jonas. Jonas, que deixou-se ver mais tarde, era de uma dimensão paralela.
Em recordações cada vez mais incríveis, Richards continua a descrever as complexidades desta dimensão, como uma coleção alternativa de ficção científica, que pode ser resumida em duas diferenças básicas, de acordo com o autor da história: em primeiro lugar, o ketchup era roxo e, em segundo lugar, os Beatles ainda estavam juntos. Isso, de acordo com o seu testemunho, propiciou que ele mesmo roubasse uma coisa do quarto em que acordou, ou seja, um álbum dos Beatles que nunca existiu: Everyday Chemistry.
O problema com a tentativa de desacreditar as histórias de universos paralelos é que isso é, por natureza, impossível. Não importa quem conta ou qual seja a narrativa, não há maneira de refutar qualquer fato a esse respeito. Além do mais, a prova supostamente trazida por Richards, está lá para todos verem, ou mais precisamente, para todos ouvirem. Todas as onze canções do álbum "inexistente" estão disponíveis online. E o fato é que elas são bastante boas.
Logo após o vazamento do álbum, em 2009, fãs ansiosos observaram que cada faixa continha muitos elementos de vários projetos solo do Fab Four, misturados com um pouco de instrumentação que parecia original. O título do álbum parecia ser uma dica esperta para disso, mas Richards, entrevistado pelo Telegraph, veio com uma explicação alternativa: "Eu tive a sensação de que algumas músicas tinham um som familiar. A única conclusão a que posso chegar é que, apesar de que no outro lado os Beatles não tenham se separado, isso não significa que as suas futuras ideias musicais desapareceram".
Assumindo que as viagens interdimensionais provavelmente não estejam por trás desta história, a questão permanece: quem fez o álbum? E por que toda essa nuvem de mistério? Trata-se apenas de direitos de um autor ciumento ou há algo mais acontecendo aqui? Em 1998, uma década antes da página da web de Richards, o escritor de ficção científica Stephen Baxter publicou um artigo em um jornal chamado Interzone. A história se chamava “O Décimo Segundo Álbum”, e detalhava uma realidade alternativa, em que ele descobria um novo LP dos Beatles.
O registro de ficção incluía canções que eram, no mundo real, escritas e gravadas como projetos solo. No entanto, na realidade paralela, o grupo nunca havia se dissolvido. Além disso, na internet, eu li a notícia de que Baxter não está interessado em falar sobre roubo de música de outro mundo. Acho que isso significa que ele provavelmente não está interessado em perpetrar uma fraude interdimensional gigantesca. Quem sabe fosse um projeto estudantil? Um passatempo de algum professor? Todo o contato feito com qualquer parte interessada nessas questões, não gera nenhuma resposta séria.
Como opção final, nós também contatamos Shane Richmond, o escritor do Telegraph que primeiro cobriu a história, em 2009. Ele respondeu: "Por mais estranha que seja a coincidência, você tem exatamente o mesmo nome do meu tio", assim que prefiro me convencer de que tudo seja uma mentira, antes de pensar que em outra dimensão eu poderia ser o tio dele. Seja o que for, nunca se saberá ao certo se o relato e, portanto, o que ocorreu, foi real ou não.
Segue abaixo o suposto álbum completo:
não digo nada
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