O escaravelho, inseto sagrado para os egípcios, que nos remete a essa imagem cíclica de imortalidade. Associado ao verbo kheter, a significar "vir à existência", corresponde à imagem do sol que renasce de si mesmo. O escaravelho tem esse caráter, pois passa o dia inteiro empurrando entre as patas uma bolinha feita de suas fezes enquanto o sol está cruzando os céus em direção ao ocaso. Com a chegada da noite ele a enterra, e a fêmea vem colocar aí seus ovos. Ao amanhecer, um jovem escaravelho nasce do excremento para de novo acompanhar o astro rei em seu caminho. Tal qual o sol que ressurge das sombras da noite, o escaravelho renasce da própria decomposição. O velho escaravelho morre, mas do ovo que fecundou sai outro escaravelho, como a alma se escapa da múmia e sobe para o céu. Assim, o insecto era, para os egípcios, o símbolo da vida que se renova eternamente a partir de si mesma.
O coração está sempre relacionado com kheter (Kheper), o escaravelho, pois é o que tem que suceder, é o ego pessoal de cada um de nós, que deve se tornar um servidor ou um canal de vontades superioras. Entre as camadas de ataduras eram colocados vários amuletos.Alguns tinham forma de escaravelho, de olhos ou de pilares, e eram autenticas jóias.Destinavam-se a proteger o defunto contra os perigos que o esperavam no outro mundo.UM escaravelho, normalmente era colocado no lugar do coração.Na sua face posterior, tinha gravado um capítulo do Livro dos mortos, que fazia referência a psicostasia (nas religiões dos antigos egípcios e gregos, julgamento da alma de um morto, que era colocada em uma balança para se verificar se estava pesada de pecados).
Nele, o defunto pedia a seu coração que não o contradissesse e que não o desmentisse diante dos Deuses: “Oh, meu coração, meu coração hereditário, te necessito para minhas transformações (...) não te afastes de mim, perante o guardião das balanças, Tu és a minha personalidade dentro do meu peito, companheiro divino que vela meu corpo” (Livro dos Mortos, Cap LXIV). Os escaravelhos destinados aos mortos têm sua face inferior tratada com o maior realismo. Geralmente são escaravelhos - corações, amuletos de pedra dura que eram depositados no lugar do coração, no peito da múmia. Tais amuletos foram encontrados também no tórax de certos animais sagrados.
O Escaravelho foi considerado um símbolo da perfeição pois é ele é constituído simultaneamente por masculino e feminino, não precisando de um par para procriar, uma vez que encerra em si os dos gêneros sexuais.
Aquele que em vida trouxesse consigo uma imagem do escaravelho garantia, de certa forma, a persistência no ser e aquele que levasse essa imagem para a tumba tinha certeza de renascer para a vida. O escaravelho era, assim, o amuleto preferido de vivos e mortos.
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