quarta-feira, 14 de abril de 2010

CHICO XAVIER - O filme

Crítica

Ontem fui assistir ao filme sobre a vida de Chico Xavier. Achei o filme bem conduzido, muito embora com uma linguagem muito televisiva e deixando muito a desejar no quesito cinematográfico. Claro que isso não invalida em nada o resultado da obra, já que o objetivo é alcançado com louvores. Os atores estão muito bem, até porque, mesmo com o talento indiscutível destes, Daniel Filho sabe como poucos dirigir atores.

O destaque do filme vai para Ângelo Antônio, que está intocável em sua interpretação do Chico jovem. Tem horas que parece tanto o Chico, que chega a emocionar demais a gente. Espetacular seu trabalho de composição, com todos os trejeitos, modo de falar e delicadeza de Chico Xavier. Um trabalho primoroso deste ator extremamente sensível e que vem se mostrando como um dos grandes atores brasileiros, quiçá do mundo. Uma pena que no Brasil não se dê o valor que os atores de seu porte realmente merecem.

O jovem Matheus Costa, que, diga-se de passagem, já foi meu aluno, é outro ponto de destaque, com uma interpretação acima do esperado para sua idade e mostrando uma desenvoltura, que muitos atores adultos não tem. A forma como leva o personagem de Chico na infância é que merece aplausos. As cenas mais difíceis, eles as faz como se fossem fáceis e nos emociona às lágrimas. Uma palavra para seu trabalho? Espetacular!

A semelhança física conseguida na composição visual de Nelson Xavier é espantosa e realmente nos faz ver Chico de volta à vida, muito embora sua interpretação – sendo um ator que conheço o talento e admiro muito – deixou um pouco a desejar neste filme. Faltou à composição a forma mansa de falar de Chico e seus trejeitos – que Ângelo Antônio mostrou tão bem - , de forma mais refinada, mas ainda tão características do Chico que conheci. Basta vermos as cenas do programa Pinga-Fogo original, para percebamos o que faltou. Vemos a imagem de Chico, mas quando Nelson fala, vemos Nelson, justamente porque faltou uma maior atenção à forma de falar de Chico. Mas isso também não influencia negativamente no resultado da obra, cujo objetivo é atingido com sucesso.

Giulia Gam é aquele talento que todos conhecemos muito bem. No papel da madrinha de Chico está o "cão chupando manga", como diz o dito popular. Pela história que conhecemos do Chico, era isso mesmo que ela era, com suas atitudes violentas e sempre duras com então menino Chico, que sofreu muito nas mãos desta. De Giulia não temos muito o que dizer, pois já estamos mais do que acostumados com suas sempre sensacionais interpretações, sendo indiscutível a qualidade de seu trabalho; quando sabemos que ela vai estar num filme ou numa minissérie, já é um bom motivo para assistir.

Giovana Antonelli é a própria natureza em sua interpretação. Sua curta passagem pelo filme nos faz amar Cidália como se esta fosse nossa própria mãe. Outro trabalho maravilhoso, para acrescentar a sua coleção de personagens.

O filme é lindo e merece ser assistido. A direção de arte também fez um trabalho primoroso na reconstituição da época. A trilha sonora é perfeita. Só não gostei muito dos sons incidentais, que exageram um pouco as cenas, beirando um sensacionalismo desnecessário em torno das manifestações de espíritos e ao evidenciar as capacidades mediúnicas de Chico. Mas o filme emociona, porque é um filme que mostra uma história de vida que foi um exemplo em vários sentidos, tanto nas coisas boas que Chico fez, como nas coisas ruins pelas quais ele passou na vida, saindo sempre vitorioso em sua humildade, generosidade e amor pela vida em geral, sejam seres humanos, ou não.

Assistir Chico Xavier - O filme é se dar uma oportunidade de aprender a ser um ser humano melhor, apesar das dificuldades que a vida nos apresenta e redescobrir que ela também é, acima de tudo, bela.

3 comentários:

  1. Poxa meu querido, avaliação perfeita do filme!
    Você,mais do que ninguém,sabe da dedicação que tive para estudar os trejeitos do Chico para interpretá-lo no teatro e observei também que se Nelson Xavier tivesse se esforçado um pouquinho mais (não que ele não o tenha feito), ele teria virado o próprio Chico no filme pois sua aparência já ajuda muito.Quanto ao Ângelo Antônio...PERFEITO!

    ResponderExcluir
  2. Oi!!!!!!!!!! Acrescentaria uma coisa... achei a caracterizaço do Emmanuel meio "soturna"... olheiras carregadas... e a postura do ator também um tanto pesada... acho que faltou um tantinho mais singeleza na interpretação... não precisava pintar com cores tão fortes...

    Mas... bem, meu comentário aqui é para registrar mesmo a saudade que tive de todos vcs hj ao assistir o filme... Assistir algumas cenas em específico, me remeteu a especiais momentos ao lado de todos vcs... E Hj tenho certeza de que se a peça não atingiu o sucesso de mercado esperado, é porque esse realmente não era o objetivo maior, e sim o encontro - ou pq não dizer o reencontro - de pessoas tão queridas. Bjão a todos que viveram aquela experiência d'outro mundo.... Alessandra Cervieri

    ResponderExcluir
  3. A propósito,achei o Emanuel um pouco ríspido demais...prefiro o teu ;)

    ResponderExcluir

Deixe um comentário educado! Siga a política do 'se não pode dizer algo construtivo e legal, não diga nada.'