Por Reinaldo Azevedo
Dilma está encastelada, com sua longa pneumonia leve, que pediu administração de remédios por cateter e já a obrigou a cancelar duas viagens, e Antonio Palocci está fritando no olho quente da falta de explicações. Descobre-se que toda a graça da Rainha Muda, que a tantos encantava, era, sim, uma estratégia, mas também uma imposição. Uma coisa é silenciar porque não se quer falar; outra porque não há o que dizer. E é conveniente que não diga. Desafiada e contrariada para valer, Dilma expõe a sua real natureza. Quem não se lembra de seu ataque de fúria com os repórteres por ocasião do apagão — “minha filha, você está mal informada”??? Se é assim, é preciso chamar a Quinta Cavalaria.
Quem é aquele que vem, como diria Ascenso Ferreira, “riscando os cavalos, tinindo as esporas”? É Franklin Martins! Ele foi chamado ao Castelo da Alvorada. Franklin tem fama de mágico. Atribui-se a ele a maravilha de ter “domado a mídia”. O prefaciador do livro daquele assassino e homem capaz de gargalhar quando fala da possibilidade de executar um inocente sabe como pôr as coisas no seu devido lugar. Se conseguiu negar até a existência do mensalão, espera-se dele algum novo prodígio. Vem truculência por aí, podem apostar.
Franklin é co-autor da tese do “golpe da mídia” no caso do mensalão. Desta vez, a teoria não pegaria — até porque, na média, a “mídia” é pró-governo, simpática a Dilma. Adora seu jeito discreto e silencioso. Mais: desta feita, todo mundo sabe — e, a qualquer momento, coisa nova pode vir à luz —, na origem dessa história toda contra Palocci , está o próprio PT. E é isso que deixa o governo meio apalermado. A oposição é tão pequenina que não se lhe pode atribuir uma tramóia, uma conspiração. E agora?
Agora eu estabeleço um prazo de, sei lá, dois ou três dias para que apareça uma acusação cabeluda contra algum figurão da oposição. Querem apostar? Estou certo de que Franklin constatou: “A primeira coisa a fazer é tirar do noticiário a suspeita de que isso tudo é coisa de guerra interna; enquanto estivermos nessa, estaremos acusados”. E alguém lembrará: “Mas não há nem indício de que seja a oposição”. Ao que ele responderá: “Então precisamos recriar a guerra entre ‘nós’ e ‘eles’, para a mídia nos dar uma folga”. Como fazê-lo?
Franklin conhece o caminho. E sua rede no jornalismo e no subjornalismo continua ativa. Anotem aí: vem coisa pesada pela frente contra tucanos, do presente ou do passado, tanto faz. Sempre foi assim. É o que Franklin sabe fazer de melhor. Uma boa tática seria “descolar” uma bomba contra Aécio Neves, por exemplo, e jogar a responsabilidade no colo de Serra — ou o contrário. Os tucanos sempre caem nesse truque
Um outro carro, que costumava transportar Lula, chegou escoltado por outro veículo de segurança pela entrada de serviço do Castelo da Alvorada. Seria o próprio? Oficialmente, ele está dando uma palestra no Panamá. Se não for desta vez, será daqui a pouco. Ele vai ter de entrar na história para tentar liquidar o assunto. A parceria com Franklin será reeditada.
Aguardem. Como diria Carlos Eugênio da Paz (post anterior), o ex-comandante da ALN capaz de contar no detalhe como matava pessoas em nome da revolução, “Em tempo de exceção, você tem tribunal de exceção” . Franklin chegou para auxiliar Dilma. Todos eles têm essa alma revolucionária de Carlos Eugênio. Para um “revolucionário”, a exceção é a regra; em nome da “causa”, tudo é permitido. Vem coisa.
Fonte: Veja
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