segunda-feira, 28 de maio de 2018

Artista dos Quadrinhos Desvela o Astral em sua obra

Fernando Picheli ilustra saídas do corpo e saberes de budismo, teosofia, hinduísmo e espiritismo.


Por Ana Elizabeth Diniz

Um acidente de trabalho em 2002 levou a uma fratura do fêmur. Após a cirurgia, Fernando Picheli, 40, natural de Santo André, São Paulo, engenheiro projetista no ramo automobilístico, acordou sentindo muita dor na perna. Ela foi aumentando até ficar insuportável.

Apaguei e, quando acordei novamente, eu estava sentado na cama do hospital, não sentia mais dores. A sensação era tão real que fiquei com receio de me levantar e apoiar os pés no chão. Aos poucos tomei coragem, fui descendo bem devagar e tive uma grande surpresa quando me vi andando no quarto. Eu realmente estava fora do meu corpo. Saí do hospital caminhando, eu podia ver muitas crianças brincando, era outra dimensão, um local extrafísico com uma energia maravilhosa, as cores eram vivas, eu conseguia sentir o ambiente alegre e contagiante. Me sentia muito bem, pude então flutuar e voar, a sensação de liberdade que sentia foi indescritível”, relembra Fernando.

Essa foi a primeira de muitas saídas espontâneas do corpo, que aconteciam quase todos os dias. Foi quando o artista passou a estudar sobre viagem astral para conseguir entender o que estava ocorrendo com ele.

Inspiração. Após sofrer um acidente em 2002, Fernando Picheli passou a fazer viagens fora do corpo e resolveu criar quadrinhos com a realidade de outras dimensões

Naquela época, há 15 anos, eu desenhava algumas das coisas que via em minhas experiências, mas só a partir de novembro de 2014, com o auxílio da tecnologia, iniciei o projeto como as histórias em quadrinhos (HQs)”, comenta Fernando.

Nascia, assim, a HQ “Plano Astral”, que aborda um pouco desse mundo dimensional, misturando personagens fictícios em histórias de fantasia, recheadas de informações reais e extremamente úteis para aqueles que ousam romper a linha do materialismo.

As experiências frequentes de saída do corpo me permitiram comprovar muitas coisas que antes eu só conhecia por meio da literatura espiritualista e se tornaram um grande acervo de informações para que eu pudesse utilizar em meu trabalho. Acredito que as ilustrações possam revelar minhas experiências em outras dimensões, o contato com consciências extrafísicas e ajudar aqueles que estão passando por situações parecidas a entender melhor o fenômeno da projeção astral”, analisa o quadrinista.

A realidade paralela, com a qual o artista se tornou íntimo, é fonte de inspiração para as histórias em quadrinhos. “A riqueza de informações, formas e sensações que venho experimentando por meio da projeção astral são a base para criar as histórias. Além disso, muitas das informações que coloquei na graphic novel são experiências que vivenciei. É incrível como aquilo que acreditamos ser apenas fantasia, na verdade, está muito mais próximo da realidade do que poderíamos imaginar. As dimensões além do plano físico são muito suscetíveis à forca do pensamento e às emoções. A interação é muito mais dinâmica, e as possibilidades, muito mais amplas. É esse ambiente que tento traduzir por meio dos desenhos”, observa o artista.

O trabalho do artista aborda outras correntes. “Não tem como separar. Os conceitos de imortalidade e reencarnação e o contato com espíritos estão integrados a meu trabalho. Procuro adicionar conhecimentos de doutrinas e filosofias como o budismo, a teosofia, o hinduísmo, a umbanda e também o espiritismo, que foi minha base”, diz ele.


Vivenciar outros mundos altera o sentido da morte

Desde pequeno, o artista teve muito contato com a doutrina espírita e com a umbanda. “Elas foram a base do meu conhecimento, auxiliaram muito minha formação. Procuro sempre abrir a mente para outras linhas de pensamento, pois acredito que todas elas bebem da mesma fonte de conhecimento, que é divina. Durante esses anos de pesquisa, estudo e prática da projeção, pude verificar que a linguagem nos planos mais elevados vai além de crenças e doutrinas, é algo simples e direto, a verdade é reconhecida pelo alto padrão dos sentimentos envolvidos”, diz Fernando Picheli.

O processo criativo é totalmente intuitivo. “Algumas vezes busco uma imagem que seja inspiradora, uma emoção, ou mesmo uma mensagem que quero transmitir. Essa informação muitas vezes vem em blocos, as ideias e as imagens vão surgindo na mente. Vou armazenando na memória ou faço rascunhos no papel para depois fazer a arte final. É um mundo gigantesco que vai se formando dentro da mente. Ele pode ter movimento, cenário, som ambiente e até música. É como construir várias cenas de um filme dentro da mente, depois vou juntando as partes e transferindo para o papel”, comenta.

Quando surgem dúvidas, Fernando se vale das experiências de projeção para entender e investigar o assunto do lado de lá. “De acordo com o tema que estou trabalhando é comum eu entrar em determinadas faixas de sintonia, que influenciam minhas experiências. Por exemplo, eu precisava saber como as roupas são plasmadas no plano astral, para poder representá-las em minhas histórias. Verifiquei que durante a projeção, nós geralmente criamos inconscientemente nossas vestimentas. Podem ser as roupas com as quais nos deitamos, elas estão em harmonia com o ambiente em que estamos inseridos”, ensina.

Para ele, o estudo dos vários planos existentes além do plano físico não é algo para ser usado após a morte: “Ela simplesmente não existe. O simples fato de comprovar isso e entender melhor as consequências de suas ações poderá ajudar o indivíduo a vivenciar seu dia a dia com mais sabedoria”.

Para ler, visite seu site, onde a graphic novel está disponível gratuitamente. É só clicar abaixo:


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