terça-feira, 17 de abril de 2012

Menina de 4 anos alcança QI de Einstein


Heidi Hankings tirou 159 no teste de QI aos 4 anos
Uma menina de quatro anos foi aceita em uma instituição para pessoas de coeficiente intelectual muito elevado após alcançar o mesmo QI de Albert Einstein. A pequena inglesa ainda não vai à escola, mas já recita poema, faz contas e, com o resultado, entrou para um seleto grupo de promessas para o futuro da ciência. A história foi contada no jornal “Daily Mail”.

Heidi Hankins tirou 159 no teste. Einstein e Stephen Hawking chegaram ao recorde de 160 cada um. A nota média de um adulto é 100 e pessoas que vão muito bem chegam, em média a 130, segundo a reportagem.

O Daily Mail conta que aos dois anos, Heidi já conseguia contar até 40, fazer contas de adição e subtração e até recitar o poema “A Coruja e o Gatinho”, do escritor Edward Lear, além de ler livros destinados a crianças de sete anos.

“Ela já fazia frases completas logo depois de começar a falar e aprendeu sozinha a ler com 18 meses usando o computador. A gente percebeu que ela usava o mouse para navegar e clicar nos botões ‘OK’ e ‘Cancelar”, disse o pai da menina, Matthew Hankins, que da aulas na Universidade de Southampton.


A família nega que tenha pressionado a menina por bons resultados e explica que o teste aplicado é específico para crianças. “Se a gente mandá-la sentar-se e fazer alguma coisa, ela diz ‘não’ e vai fazer as coisas dela. Fora isso, ela é uma garota típica, que gosta de brincar com outras crianças”, afirmou, dizendo que ela tem também senso de humor avançado e bom gosto.

O grupo em que ela foi aceita, chamado Mensa, já angariou 90 crianças com menos de 10 anos e elogia os pais por a submeterem ao teste. “Eles fizeram bem em identificar o potencial da filha. Nós desejamos o melhor e estamos orgulhosos de poder ajudar”, disse o diretor da instituição, John Stevenage ao Daily Mail.

No Brasil, as instituições para superdotados aplicam testes baseados em outros sistemas, diferentes do teste de QI. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em cada grupo de 100 crianças, cinco tem alguma alta habilidade que, se for diagnosticada precocemente pode manter o estudante interessado e ajuda-lo a desenvolver seu talento.


Superdotados: uma minoria invisível

Eles representam apenas 0,01% dos estudantes. Por causa disso, há muitas escolas e famílias despreparadas para lidar com os jovens.

Elivelton Macêdo não se sente compreendido por ninguém.
Depois de entrar no atendimento para superdotados do DF,
 se sente mais livre e contente
“Ninguém no mundo me entende”. A afirmação de Elivelton Pêgo de Macêdo, de 14 anos, poderia ser facilmente interpretada como uma crise normal da idade. Mas o estudante da 8ª série do ensino fundamental não é um adolescente qualquer. As palavras de Elivelton refletem a realidade de quem faz parte de uma minoria ainda estereotipada ou até invisível para os brasileiros.


Elivelton é um dos 5.600 estudantes do País identificados como superdotados. Está longe de qualquer estereótipo de gênio: não usa óculos, não estuda o tempo todo, não pensa em ser cientista e muito menos vive isolado. Elivelton é falante, adora escrever, desenhar, atuar. Mas fazer parte de uma parcela tão pequena da população significa, muitas vezes, sentir-se só mesmo com muita gente ao redor.

A habilidade de raciocínio e a capacidade de aprendizagem acima da média se tornaram fontes de incompreensão. Elivelton era confundido com uma pessoa desinteressada. Como gosta de coisas distintas e aprende rápido, logo se entedia. Problema para professores e para a família, já que ele precisa de desafios constantes para se manter focado. Há dois anos, porém, ele garante que a vida melhorou.

Elivelton mora no Varjão, comunidade de baixa renda do Distrito Federal. No início de 2008, uma professora de português percebeu que o menino quieto possuía uma criatividade fora do comum. Encaminhou o adolescente ao serviço que atende crianças com altas habilidades no Distrito Federal, que existe há 34 anos. Livre para estudar o que o interessa e animado com a convivência com jovens como ele, se sente mais feliz.


Nas salas de recursos do Distrito Federal (como são chamados os ambientes que atendem os superdotados), os estudantes se encontram com professores treinados em identificar os talentos, as habilidades e as necessidades de cada um. Quem é encaminhado para uma das salas passa por avaliação. Eles ficam em observação na sala durante alguns dias e também são analisados por psicólogos, a fim de diagnosticar a superdotação.

“Logo em um dos primeiros encontros, entreguei um desafio de matemática para o Elivelton que professores da área levaram uma hora e meia para resolver. Enquanto voltava à mesa para pegar um papel na gaveta, ele disse que havia terminado. Não acreditei. Foram segundos. E estava certo”, conta Leila Branco, professora responsável pela sala de recursos que ele frequenta.

Os encontros com os jovens que são identificados com altas habilidades – que podem tanto ser intelectuais quanto artísticas, por exemplo – acontecem uma ou mais vezes por semana, sempre no horário contrário ao das aulas regulares. Os professores se tornam tutores dos estudantes, os auxiliam a desenvolver projetos e estudar o que mais gostam. Em todos os Estados, há núcleos nas secretarias estaduais de educação que oferecem atendimento aos superdotados.

Talentos perdidos

Os superdotados representam apenas 0,01% de todos os alunos matriculados na educação básica, segundo o Censo Escolar 2009. O número, dizem os especialistas, é subestimado. A falta de informação e sensibilidade para identificar as habilidades demonstradas pelas crianças e adolescentes faz com que muitos talentos continuem escondidos por aí. Pior, podem ser prejudicados pela falta de atendimento adequado.

Andrea Azevedo, psicóloga do Atendimento Educacional Especializado, afirma que o diagnóstico não é complicado. Mas é preciso ter sensibilidade para identificá-los corretamente. “Três características precisam andar juntas para que alguém seja identificado como superdotado: habilidade acima da média, alta criatividade e grande envolvimento com as tarefas”, diz.


Dângelo dava trabalho para professores e família até
suas habilidades serem identificadas: "eu usava
minha inteligência para tocar o terror"

Em geral, as crianças com altas habilidades são precoces. Andam cedo, aprendem a ler espontaneamente, têm boa memória, são líderes e criativas. Mas também podem fugir desse padrão. É comum, segundo especialistas, que alunos mais agitados e menos concentrados nas aulas convencionais sejam diagnosticados de forma errônea. Muitos são tratados como hiperativos, quando, na verdade, não são.

Dângelo Saraiva de Souza, 15 anos, não dava sossego para os pais ou professores. No programa desde abril de 2008, o estudante chegou a ser reprovado na 3ª série do ensino fundamental. “Eu usava minha inteligência para tocar o terror”, brinca o jovem. Depois do convite para participar dos projetos na sala de recursos, tudo mudou.

“Achava tudo chato. Hoje, amo ler e escrever. Faço um jornalzinho na minha escola, vou além dos conhecimentos que recebo em sala de aula”, afirma Dângelo. A liberdade para estudar o que dá vontade é muito valorizada pelos estudantes. “É muito legal poder escolher o que queremos estudar”, garante Maiara Xavier, 13 anos.

Dificuldades práticas

Leila Branco, responsável pela sala de recursos do Centro de Ensino Fundamental 1 do Lago Norte, lamenta as dificuldades que enfrentam para realizar o trabalho com os alunos. Além do espaço físico insuficiente, faltam materiais (como computadores e internet) e transporte. “Não tenho condições de levar esses meninos para museus, laboratórios nas universidades ou exposições, por exemplo”, diz.

A professora acredita que o ideal seria ter uma sala de recursos em cada colégio. Hoje, há 47 salas em todo o DF e 1.207 estudantes participam do programa. “Despertaria a curiosidade de outras crianças. Acreditamos que a quantidade de alunos que poderiam ser atendidos é muito maior do que a que atendemos hoje”, defende Leila.

Délcio Batalha, gerente de Educação Especial da Secretaria de Educação do DF, acredita que o número poderia ser multiplicado por dez. “É preciso quebrar estereótipos ainda. Um superdotado não é um gênio. Isso facilitaria a identificação também”, defende.

CARACTERÍSTICAS DE UM SUPERDOTADO:

- Habilidade acima da média
- Alta criatividade 
- Grande envolvimento com as tarefas
- São persistentes e perfeccionistas;
- Não gostam de rotina;
- Investem tempo e atenção no que gostam;
- Demonstram liderança e iniciativa;
- Detém habilidade excepcional para talentos específicos como esportes, música, artes, dança ou informática.


Crianças-prodígio precisam de atenção

Crianças superdotadas representam pouco do universo estudantil: 0,01%. Segundo especialistas, número é maior, mas não identificado.


Jeshuá Pereira gosta de desenhar e criar jogos de
tabuleiro. Os momentos no programa de altas
habilidades dão suporte às suas criações

As primeiras palavras, os primeiros passos e as primeiras lições aprendidas por uma criança são sempre motivo de orgulho para os pais. Viram histórias infinitamente repetidas e comemoradas. Mas o que é considerado excepcional na infância acaba sendo “esquecido” ao longo do tempo. As habilidades dos filhos, muitas vezes, não são percebidas pelos pais.

Especialistas acreditam que a maior parte das crianças e dos adolescentes com habilidades acima da média – os superdotados – não aparecem nas estatísticas e não recebem atendimento adequado. A explicação é simples: eles não são conhecidos. No Censo Escolar elaborado pelo Ministério da Educação em 2009, apenas 5.186 dos 52 milhões de alunos matriculados na educação básica aparecem como superdotados.

Vanessa Tentes, psicóloga que estuda a superdotação, diz que entre 15% e 20% da população possuem altas habilidades. O modelo criado pelo pesquisador norte-americano Joseph Renzulli ampliou os conceitos que definem quem são essas pessoas. As ideias de Renzulli acabam com o estereótipo de que superdotados são gênios e têm apenas grande capacidade acadêmica.

“Os estudos foram mostrando que as pessoas extremamente inteligentes possuem outras características. No modelo de Renzulli, o conceito de superdotação é multidimensional. É resultado de, no mínimo, três fatores: inteligência, criatividade e motivação. O modelo, chamado de três anéis, não exige que essas características sejam simétricas. O importante é o potencial para desenvolvê-las”, afirma.


Hoje, eles representam somente 0,01% da população estudantil. A falta de preparo para identificar essas habilidades demonstradas pelas crianças e adolescentes faz com que muitos talentos continuem escondidos. Sem estratégias adequadas para estimular esses alunos, o rendimento deles pode ser comprometido.

“A identificação não é difícil, mas exige conhecimento. É preciso observar com cuidado e sensibilidade para as crianças nas salas de aulas, nos corredores. Não só o rendimento acadêmico é importante, mas as características que essas crianças apresentam”, destaca a psicóloga Andrea Coelho de Andrade Azevedo, da Secretaria de Educação do Distrito Federal.


Quem são os superdotados

Há vários tipos de superdotação. O bom desempenho acadêmico deixou de ser o único meio de identificar uma criança com alta habilidade. Existem os que têm grande capacidade intelectual para várias áreas, os que concentram o interesse em uma área acadêmica específica, os líderes, os talentosos artísticos, os habilidosos em esportes, os criativos. Eles se destacam entre os colegas, mas podem apresentar características diferentes entre si (confira lista no final do texto).

Os pais podem ajudar muito nessa tarefa. Eles são os melhores “identificadores”, segundo Vanessa. Pais e mães atentos notam quando uma criança demonstra um desenvolvimento diferente de outras. Os que encontram mais dificuldade são os pais de filho único, porque não têm referencial para comparar. “Mas características como precocidade psicomotora, desejo de conhecimento específico sobre um tema, interesse precoce em leitura e escrita são sinais que podem levar os pais a buscar a avaliação de um especialista”, indica a psicóloga.

Em geral, as crianças com altas habilidades andam e falam cedo e se alfabetizam espontaneamente. Mas o rendimento escolar já não é mais uma característica essencial para identificar um superdotado. Ao contrário, há casos em que os alunos mais agitados e menos concentrados são, inclusive, diagnosticados de forma incorreta – como hiperativos, por exemplo.

Vanessa estuda justamente os alunos extremamente talentosos que fogem dos padrões. “Há estudantes que são extremamente inteligentes, mas são disléxicos ou possuem transtorno de déficit de atenção, o que dificulta a identificação. O desempenho deles na escola pode ser ruim. Acho que ainda falhamos nesse processo de inclusão nas escolas. Eles possuem necessidades educacionais especiais e precisam ser atendidos. Mas as políticas ainda são tímidas”, analisa.



Serviço Modelo

Gabriel e João Victor montam robôs durante o tempo que
passam na sala de recursos. Para eles, o potencial dos
dois será desenvolvido
No Distrito Federal, o programa que atende crianças com habilidades acima da média existe desde 1976. O DF é um dos pioneiros no atendimento desses estudantes. A Secretaria de Educação possui especialistas que cuidam especificamente da área. Entre as tarefas do grupo, está a identificação de jovens talentos nas escolas, avaliação e acompanhamento dos estudantes.

As crianças que chamam a atenção dos professores e são encaminhadas para o projeto passam a frequentar ambientes chamados de salas de recursos, em horários contrários aos das aulas regulares. Há 47 salas de apoio como essa em todo o Distrito Federal, que atendem 1.207 alunos. Os professores se tornam tutores dos estudantes nesses locais e auxiliam os jovens a buscar conhecimentos de seu interesse.

João Victor Batista Dantas, 12 anos, e Gabriel Assunção de Oliveira, 11 anos, são novatos na sala de recursos do Centro de Ensino Fundamental 1 do Lago Norte. Estão participando de um projeto de robótica e falam animados da experiência. “É legal fazer robôs, estudar só o que a gente gosta”, diz João. Gabriel já pensa longe. “Aqui posso desenvolver meu potencial”, pondera.

Jeshuá Agustin Pereira, 12 anos, participa das atividades do núcleo há quase três anos e comemora o tempo extra na escola. Ele conta que, sozinho, em casa, planejava jogos e desafios que não conseguia transformar em realidade. Sempre desenhou bem, mas não possuía material e orientação para desenvolver tudo o que queria. “As pessoas passaram a me entender melhor”, afirma.

Délcio Batalha, gerente de Educação Especial da Secretaria de Educação do DF, garante que esse é o papel da sala de recursos: estimular e instigar os estudantes a superarem desafios e auxiliá-los a sistematizar conhecimentos. Por isso, defende que o serviço seja ampliado. O ideal, segundo ele, seria que todas as escolas tivessem uma sala dessas.


Como identificar uma criança superdotada

As crianças com altas habilidades podem apresentar características e perfis diferentes. Algumas possuem grande aptidão acadêmica. Outras, artística. Veja características que podem ser sinais de que seu filho possui habilidades acima da média.

- Precocidade para ler: além de começarem a ler cedo (muitas vezes de forma espontânea), compreendem nuances da linguagem e possuem vocabulário avançado para a idade;

- Têm facilidade para aprender e capacidade para resolver problemas, demonstrando fluência e flexibilidade de ideias;

- São criativas, curiosas e críticas;

- Possuem boa concentração e boa memória;

- Têm interesse por problemas filosóficos, morais, políticos e sociais;

- São persistentes e perfeccionistas;

- Demonstram sensibilidade e senso de humor;

- São independentes e autônomas;

- Não gostam de rotina;

- Investem tempo e atenção no que gostam;

- Demonstram liderança e iniciativa;

- Detém habilidade excepcional para talentos específicos como esportes, música, artes, dança ou informática.

Fonte: Último Segundo











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