quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Bolívia Rejeita McDonald's

Documentário mostra por que ela não funcionou no país

Por José Eduardo Mendonça

O gigante mundial de fast food, McDonald’s, tem 192 lojas na Argentina, 480 no Brasil, 55 no Chile, 97 na Colômbia, 19 no Equador, 7 no Paraguai, 20 no Perú, 19 no Uruguai e 180 na Venezuela. Mas na Bolívia, as oito lojas abertas em La Paz, Cochabamba e Santa Cruz fecharam suas portas em 2002, depois de cinco anos em operação no país.

A razão? De acordo com um novo documentário, Fast Food Off the Shelf, o fracasso da empresa tem a ver com a forte cultura alimentar local. Numa era que em que percebemos que a globalização da produção de alimentos afetou nossa saúde e o ambiente, e em que repensamos o modo como comemos, a relacão da Bolívia com os alimentos pode ser um interessante estudo de caso (e não apenas isso: o país mostra liderança nos direitos da terra, na segurança alimentar e em ouvir os protestos de nativos contra a invasão dos negócios na Amazônia).

O diretor do documentário, Fernando Martinez, conta que, em seu trabalho, tem de viajar muito pelo país, e que a cada vez que chega a uma pequena cidade têm primeiro de localizar onde existe alimento para a equipe. Estas pesquisas, mais o fechamento das lojas do McDonald’s, inspiraram o documentário: “Tivemos um período de pesquisa, e achamos que o melhor jeito era falar com chefes de cozinha, tanto de restaurantes mais caros quanto os populares. Isto nos fez ver as coisa sob uma nova ótica. Não se tratava apenas de receitas, mas de uma forte relação com práticas culturais: os alimentos são a maior indústria cultural em qualquer nação. Filmamos por todo o país, mas no corte final escolhemos La Paz, Chochabamba e Santa Cruz, onde a rede americana fracassou. Também filmamos em cidades latino-americanas como Buenos Aires, Bogotá, Lima, Cuzco, Santiago e São Paulo”, disse ele ao Tree Hugger.

“É fácil dizer que o fechamento foi por razões econômicas”, afirma Martinez. “Mas quem impulsiona a economia? Por trás da economia há práticas sociais e culturais. Num país pequeno no mundo, a cultura bate uma empresa transnacional, sem qualquer pressão política ou outros argumentos. A razão de uma companhia como ela não gerar lucros é explicada pelo fato de que o público vai a suas lojas uma, duas vezes, mas no final prefere o sabor local. Em espanhol, a palavra sabor deriva etimologicamente de saber: provar é conhecer. A Bolívia é um país pobre com pouco acesso a bens materiais, mas sua forte relação com a terra cria fortes laços com os alimentos. A Bolívia celebra a vida com comida e dança. Os sabores intensos e tradicionais são representantes de nosso povo, e marcam o ritmo da vida”.



6 comentários:

  1. preocupação com a segurança alimentar na bolívia???? quem escreveu isso nunca pos os pés lá!

    ResponderExcluir
  2. Estou para ver quem vai acordar um belo dia e falar:"Quero comer comida saudável, vou para o McDonalds".

    Me pergunto quem ganha com isso.

    Os membros da ditadura da saúde não vão comer de qualquer jeito.

    Quem se fode é os que valorizam mais o presente ao futuro, que perderão a possibilidade de comerem algo que gostam.

    ResponderExcluir
  3. As sociedades empresárias que não agradam o consumidor devem partir e os benefícios dessa lógica estão exatamente na possibilidade das mais diversas sociedades empresárias atuarem em um determinado país sem que enfrentem protecionismos e impostos, já que quanto maior for a competição menores serão os preços (e, então, mais barata será a comida, por exemplo) e, no caso do setor alimentício, maior será a diversidade de sabores que os consumidores poderão avaliar. Em outras palavras, ao mesmo tempo que é natural ver uma sociedade empresária como o McDonald's saindo da Bolívia, dever-se-ia buscar que mais sociedades empresárias do ramo alimentício entrassem no país de modo livre.

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Deixe um comentário educado! Siga a política do 'se não pode dizer algo construtivo e legal, não diga nada.'