Como falar de uma civilização que tem pouquíssimos registros históricos disponíveis e a maior fonte de conhecimento sobre eles vem de relatos dos primeiros espanhóis que chegaram na região e de seus maiores “inimigos”, os incas?
É, leitores… Vinícius Cabral ficou uma semana pesquisando sobre os chachapoyas, também conhecidos como “os guerreiros das nuvens”. O pouco que ele conseguiu encontrar de material confiável sobre esta misteriosa civilização pré-colombiana que viveu no norte do Peru está aqui neste texto.
Qual o verdadeiro nome do povo?
Os arqueólogos e historiadores que procuram sinais e vestígios da civilização chachapoya não sabem sequer como os próprios se auto proclamavam. O nome chachapoya foi dado pelos incas e, até o momento, é como a civilização é conhecida. O nome também batiza uma cidade peruana.
O chachapoyas viveram no norte do Peru, em uma área que vai desde os Andes até as bordas da floresta Amazônica. Como é uma área com muita umidade e vegetação farta, a região tem frequentes nevoeiros, por isso a associação dos nativos com as nuvens.
O mais curioso de tudo é a descrição dos chachapoyas feita por Pedro Cieza de León, um cronista espanhol que teria conhecido os últimos nativos. Segundo o espanhol, eles tinham a pele bem mais clara que os outros povos pré-colombianos[1]. Talvez este clareamento da pele tenha ocorrido por conta de uniões seletivas através das gerações.
“Eles são os mais brancos e os mais lindos de todos os povos que eu já vi. Suas mulheres são tão bonitas que, por causa da sua beleza, tornam-se esposas dos incas e são levadas para o Templo do Sol.”
Em busca dos vestígios chachapoyas:
Hoje os arqueólogos trabalham em cima das ruínas, cerâmicas e tumbas deixadas pelos últimos nativos. Por volta de 2008 e 2009 foram encontradas as ruínas da fortaleza de Kuélap, a maior construção chachapoya que se tem registro até agora.
Parte das ruínas da fortaleza de Kuélap. |
Múmia Chachapoya |
O complexo de Kuélap tem cerca de 500 casas e fica em uma região bem alta, cercada de penhascos e protegida por muralhas de uns 20 metros de altura. As casas são, em sua grande maioria, circulares. Segundo os arqueólogos, os chachapoyas acreditavam na imortalidade, por isso o uso da forma circular nas construções – já que o círculo é uma forma geométrica “que não tem fim”.
A sociedade chachapoya era bem organizada, mas aparentemente não existiam muitas divisões hierárquicas entre o povo.
Outra característica do povo chachapoya que chama a atenção dos arqueólogos é a preocupação com os mortos – o que reforça a tese de que o povo acreditava na imortalidade. Algumas múmias em bom estado de conservação foram encontradas nas regiões onde viviam os chachapoyas e até hoje as escavações são feitas com o maior cuidado possível nos sítios arqueológicos.
Muitas múmias também foram encontradas nas encostas das montanhas habitadas pelo povo. Este fato, inclusive, é que me despertou a curiosidade sobre os chachapoyas – que eu, confesso, jamais tinha ouvido falar.
Há uns 3 meses atrás eu topei com uma parte de um documentário na TV Escola falando justamente sobre a relação das múmias chachapoyas e as múmias incas. Infelizmente eu não consegui ver todo o documentário, não sei o nome do mesmo mas a parte que eu vi dizia que os pesquisadores tinham fortes motivos para acreditar que os incas usaram as suas múmias para conquistar os chachapoyas.
Como? Trocando as múmias chachapoyas pelas múmias incas ou colocando múmias nos mesmos lugares onde eram guardadas as múmias chachapoyas. De alguma forma os chachapoyas entendiam este ato como uma espécie de afronta mas, ao mesmo tempo, viam-se subjulgados pelos incas, que chegaram a dominar a nação chachapoya por volta da década de 1470.
Afinal, os chachapoyas sumiram por que?
Os chachapoyas acabaram unindo-se aos espanhóis para lutar contra os incas, mas acabaram dizimados pelas doenças trazidas pelos conquistadores. Em pouco tempo sua população havia diminuído 90%, a grande maioria vítima das doenças. Como já foi dito, deixaram poucos vestígios de sua civilização à vista de todos, e hoje contamos mais com o trabalho de pesquisadores e arqueólogos para decifrar a vida dos últimos chachapoyas.
Sarcófagos chachapoyas |
Ruínas da fortaleza em Kuélap |
Referências e fontes:
[1] Página dos Chachapoyas na Wikipédia (em inglês). Tem também a página sobre o cronista Pedro Cieza de León.
- Tem também a página “oficial” dos chachapoyas, organizada pelo fotógrafo Keith Muscutt com algumas fotos.
Fonte: historiazine.com
Uma grata surpresa encontrar este site... sobretudo textos sempre com traduções. Gostaria de deixar uma sugestão: Divulgarem informações disponíveis sobre o "Mapa do Criador". Abs.
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