Na época, o governo dos Estados Unidos afirmou ter registrado atividade geológica, e não biológica.
Califórnia, Estados Unidos — Nova análise de documentos impressos há 36 anos mostram que a Nasa pode ter descoberto vida em Marte, segundo um grupo de matemáticos e cientistas. A conclusão foi publicada na revista “International Journal of Aeronautical and Space Sciences” esta semana. E a agência espacial americana não precisa realizar uma expedição humana ao planeta vermelho para comprovar o achado, sustenta o grupo.
— A prova irrevogável é fazer um vídeo de uma bactéria marciana. Eles deveriam enviar um microscópio para vê-la se mexer — diz o neurofarmacologista e biólogo Joseph Miller, da Escola de Medicina Keck, da Universidade do Sul da Califórnia. — Com base no que fizemos até agora, eu diria que estou 99% certo de que há vida em Marte.
A segurança de Miller está baseada num estudo que analisou novamente os resultados de um experimento para detecção de vida em Marte conduzido por robôs da Nasa em 1976, o Projeto Viking.
Os pesquisadores se debruçaram sobre as informações brutas do experimento, que procurou sinais do metabolismo de micróbios em amostras de solo recolhidas no planeta e processadas por duas sondas Viking. O consenso geral dos cientistas na época foi de que os aparelhos registraram atividade geológica, e não biológica.
O novo estudo foi por um outro viés. Os pesquisadores dividiram as informações originais, fornecidas pelos pesquisadores que os analisaram na época, em conjuntos números e analisaram a complexidade dos resultados. Como os sistemas vivos são mais complicados do que processos não biológicos, a ideia foi observar os resultados a partir de uma perspectiva puramente numérica.
Miller e seus colegas encontraram um correlação muito próxima entre a complexidade dos resultados do Projeto Viking e os de dados biológicos terrestres. Eles dizem que um alto grau de ordem é mais característico de processos biológicos do que dos processos puramente físicos.
Os críticos argumentam que o método usado pelo grupo sequer se provou eficiente para diferenciar processos biológicos e não biológicos na Terra, e que, portanto, seria prematuro tirar qualquer conclusão.
— Idealmente, para usar uma técnica na avaliação de dados de Marte, seria necessário mostrar que ela está bem estabelecida na Terra. Esta necessidade é clara; em Marte, não temos meios de testar o método, mas, na Terra, temos — frisa o cientista Christopher McKay, especializado em ciência e astrobiologia, do Centro de Pesquisa Ames, pertencente à Nasa.
Miller sustenta, porém, que os achados se somam às muitas evidências que desafiam a crença estabelecida de que o Viking não encontrou vida em Marte.
No momento, ele analisa os dados mais uma vez, a fim de verificar se houve variações quando a luz do sol foi bloqueada por uma tempestade de areia em Marte durante semanas, acreditando que sistemas biológicos e geológicos reagiriam de forma diferente ao fenômeno. Os resultados da nova pesquisa deverão ser apresentados em agosto.
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